Tecnologia

Aplicativo abre dados do 911, telefone de emergência dos EUA

Em uma manhã de 1997, em Las Vegas, Frame, que tinha 17 anos e administrava um provedor de internet, foi acordado por policiais do FBI armados. A primeira coisa que lhe passou pela cabeça foi que seu colega de quarto havia feito algo errado. Mas quando (com as mãos algemadas e vestindo uma cueca samba-canção xadrez) percebeu que os policiais estavam procurando computadores na casa, soube que a presa era ele. Os federais finalmente o tinham encontrado.

Criado em Henderson, Nevada, em uma família para a qual o dinheiro sempre foi problema, Frame via os computadores como uma fuga. Aos 12 anos, convenceu a mãe a usar a poupança destinada à sua faculdade para comprar um computador Tandy de mostruário. “Se você não tem condições de comprar um computador, compra um Tandy”, diz Frame, rindo. Ele desenvolveu seu sistema usando Linux de código aberto, aprendendo como os computadores e a internet funcionavam. Logo, ele também estava varando noites em salas de bate-papo, aprendendo a hackear.

Aos 14 anos, usou o Tandy para criar uma identidade falsa e conseguiu um emprego em telemarketing de CDs de música. Abandonou a escola no ensino médio para administrar seu provedor durante o dia e hackear à noite. “Eu conseguia entrar em qualquer coisa.” Fascinado por óvnis, não demorou para invadir dois sistemas no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa. Em 1997, graças a outra identidade falsa e um currículo com encheção de linguiça, conseguiu um emprego de engenheiro de sistemas na Cisco. Vivia um sonho – até seu passado transformar tudo em pesadelo.

A blitz fazia parte de uma investigação de dois anos sobre a invasão da Nasa. “Amigos e parentes me telefonavam e
diziam: ‘Cara, o FBI acabou de vir até a minha casa – o que você fez?’” Frame contratou um advogado criminalista de Las Vegas chamado John Spilotro, que costumava pegar casos juvenis sem cobrar honorários. Nos dois anos seguintes, Frame voou entre seu emprego no Vale do Silício e o escritório do advogado em Las Vegas, tentando negociar um acordo. “Era como se eu estivesse morrendo e tivesse um ano de vida. Eu não sabia por mais quanto tempo estaria livre.”

A Nasa alegava que ele tinha causado prejuízos de milhões de dólares. No fim, o juiz proferiu uma decisão como
a do filme “Prenda-me se For Capaz”: multa de US$ 25 mil, 100 horas de serviço comunitário e cinco anos de liberdade condicional – desde que mostrasse à Nasa todas as vulnerabilidades na rede do Laboratório de Propulsão a Jato.

E MAIS: Como empresas usam inteligência artificial para evitar fraudes

Com o fim da ameaça judicial, trabalhou por dois anos em uma startup e, em 2004, lançou a Ooma, empresa que oferecia hardware para as pessoas fazerem chamadas telefônicas gratuitas via internet. Não era o momento certo. Empresas como Skype já permitiam que qualquer um fizesse chamadas gratuitas pela web, sem necessidade de hardware especial. “Eu estava tão desesperado para fundar uma empresa que topava qualquer ideia idiota”, diz Frame.

Nessa época, começou a sair com um cara que conheceu online quando frequentava salas de chat: o cofundador do Napster, Shawn Fanning. Em pouco tempo, estava convivendo com Mark Zuckerberg e Sean Parker, ajudando informalmente o incipiente Facebook a montar sua arquitetura de rede. Nisso ganhou ações da empresa que se transformaram em uma fortuna que mudou sua vida. Frame não revela valores exatos, mas admite que ganhou uma bolada de oito dígitos por poucas semanas de trabalho.

Montagem
FERIDAS ABERTAS
A partir da esquerda: o Citizen alerta os usuários para uma explosão na região de baía de São Francisco, um tiroteio em Nova York e uma miscelânia de desordem em diversas cidades

Enquanto o Face explodia, a Ooma patinava. Em 2009, exausto, Frame levou Eric Stang para substituí-lo no cargo de CEO (Stang ainda administra a Ooma, negociada na Bolsa de Nova York com valor de mercado de US$ 219 milhões). “De repente, a tecnologia passou a ter mais a ver com dinheiro do que com inovação. Fiquei desiludido e saí.” Fugiu para Los Angeles, onde entrou em um curso intensivo de cinema.

Deixe um comentário