Economia

Ação da Embraer salta 11% e aéreas também disparam; Vale cai e Petrobras sobe 2% com investidores de olho na Opep+

SÃO PAULO – O Ibovespa ganhou força, tendo como grande destaque novamente a disparada de ações que tiveram um desempenho ruim no ápice dos temores com a pandemia do coronavírus e que ainda acumulam perdas significativas no ano.

A alta mais expressiva de hoje ficou para a Embraer (EMBR3, R$ 9,35, +11,05%), que chegou a saltar 14%, ainda que acumule perdas superiores a 50% no acumulado do ano. A companhia anunciou na véspera suas estimativas para o setor aéreo nos próximos 10 anos com um cenário ainda desafiador para a demanda global.

Segundo a empresa, o tráfego global de passageiros (medido em passageiros pagantes transportados por quilômetro – RPKs, na sigla em inglês) retornará aos níveis de 2019 apenas em 2024. A retomada, entretanto, ficará 19% abaixo do volume previsto pela Embraer ao longo da década, até 2029.

Mas o cenário traz oportunidades para a empresa. A Embraer espera que o mercado doméstico deverá se recuperar 12 meses antes do que o internacional. A previsão abre espaço para os jatos menores, que na aposta da fabricante brasileira será a principal escolha das companhias aéreas.

Gol (GOLL4, R$ 27,36, +8,79%) e Azul (AZUL4, R$ 42,28, +4,34%) também avançaram, com os investidores ainda precificando otimismo com a vacina, com potencial de levar a uma retomada para o setor. Ainda no radar do setor, a Gol disse à Bloomberg que retomará os voos comerciais com o Max em 10 de dezembro, mais de duas semanas antes de a American voltar a operar o jato com passageiros nos EUA. CVC (CVCB3, R$ 20,80, +7,55%), que também teve suas operações bastante impactadas durante a pandemia, subiu forte hoje.

Outros papéis que registraram fortes ganhos em meio ao maior otimismo de reabertura – apesar do cenário desafiador no curto prazo – são os do setor de shoppings, como brMalls (BRML3, R$ 10,71, +3,58%), Multiplan (MULT3, R$ 25,15, +3,07%) e Iguatemi (IGTA3, R$ 39,27, +1,95%).

Bancos, também com queda acumulada no ano, ficaram entre perdas e ganhos: Itaú (ITUB4, R$ 29,96, -0,07%), Bradesco (BBDC3, R$ 22,83, -0,70%; BBDC4, R$ 25,58, -1,31%), Banco do Brasil (BBAS3, R$ 35,24, +0,86%) e Santander Brasil (SANB11, R$ 41,31, -2,20%).

Também em alta, ficaram os papéis da Qualicorp (QUAL3, R$ 35,26, +4,23%), em meio à notícia de aumento de participação na companhia pelo Pátria Investimentos na sequência da notícia de saída do fundador José Seripieri Filho, também conhecido como Junior, do capital da companhia de saúde.

Os papéis da Vale (VALE3, R$ 78,96, -1,10%), que registraram patamar recorde de fechamento na terça-feira, abriram com ganhos em meio ao novo recorde do minério após a própria mineradora reduzir as estimativas de produção na véspera, mas viraram para queda.

Ainda em destaque entre as blue chips, os papéis da Petrobras (PETR3, R$ 27,20, +2,03%; PETR4, R$ 26,64, +2,82%) subiram. O petróleo passou a registrar ganhos, de cerca de 0,9% para o WTI e 1,1% para os contratos futuros do brent.

No radar, está o noticiário sobre a reunião da  Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a Rússia. Os integrantes do cartel concordaram nesta quinta-feira com um leve aumento de 500 mil barris por dia (bpd) na produção da commodity a partir de janeiro, mas não conseguiram fechar um acordo mais amplo e de prazo mais longo sobre a política de oferta para o restante do ano que vem.

O aumento significa que a Opep e a Rússia, que formam um grupo conhecido como Opep+, passarão a cortar a oferta em 7,2 milhões de bpd a partir de janeiro, ou 7% da demanda global, ante cortes de 7,7 milhões de bpd promovidos atualmente. As restrições de oferta têm sido implementadas para lidar com a fraca demanda por petróleo em meio à segunda onda do coronavírus.

Anteriormente, acreditava-se que a Opep+ estenderia os cortes já existentes pelo menos até março. Contudo, a expectativa de uma rápida aprovação de vacinas contra o vírus levaram o preço do petróleo a um rali no final de novembro, fazendo com que diversos países produtores passaram a questionar a necessidade de se manter uma rédea tão curta sobre a política de produção –algo defendido pela Arábia Saudita, líder da Opep. Quatro fontes da Opep+ ouvidas pela agência disserram que o grupo passará a se reunir mensalmente para decidir as políticas de produção após janeiro, e que os aumentos mensais não deverão superar os 500 mil bpd.

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