Economia

Ibovespa zera perdas e recupera os 79 mil pontos entre cautela externa e aprovação do Orçamento de Guerra; dólar sobe

SÃO PAULO – Faltando cerca de uma hora para o fechamento desta quarta-feira (6), o Ibovespa zerou as perdas registradas durante a maior parte do pregão, voltando a negociar no patamar dos 79 mil pontos, após o Plenário da Câmara dos Deputados aprovar em segundo turno o texto-base da chamada “PEC do Orçamento de Guerra”.

Com isso, o índice se aproxima do movimento visto nas bolsas americanas, onde Dow Jones e S&P 500 também ficam próximos da estabilidade, em sessão marcada pela cautela conforme os investidores ficam de olho na reabertura das economias diante da pandemia do novo coronavírus, em especial em alguns estados americanos, conforme o país segue registrando um grande número de casos de Covid-19.

Por aqui, o dia ainda é marcado pelo impacto da decisão da Fitch, que na noite de ontem reduziu a perspectiva de rating do Brasil para negativa. Além disso, há a expectativa pela decisão de política monetária do Copom após o fechamento do mercado.

Às 16h20, o benchmark da bolsa registrava leve queda de 0,25%, aos 79.314 pontos, enquanto o dólar comercial tem fortes ganhos de 1,76%, cotado a R$ 5,6872 na compra e R$ 5,6887 na venda. O dólar futuro para junho, por sua vez, sobe 1,95%, a R$ 5,699.

Já no mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe 2 pontos-base, a 3,55%, enquanto o DI para janeiro de 2023 tem queda de 5 pontos, para 4,68%. O contrato para janeiro de 2025 recua 11 pontos-base a 6,42%.

Além disso, o petróleo também volta a chamar atenção, virando para queda após chegar a subir mais cedo. Isso acaba pressionando as ações da Petrobras (PETR3; PETR4) hoje, que operam em queda.

Nos EUA, o mercado reage ainda ao Relatório de Emprego ADP do setor privado, que mostrou que em abril foram eliminados 20,2 milhões postos de trabalho. O resultado foi praticamente em linha com o esperado pelos economistas consultados pela Bloomberg, que apontava para a destruição de 21 milhões vagas.

Foi o pior resultado já registrado no relatório. O recorde anterior foi de 834.665 postos perdidos em fevereiro de 2009, em meio à crise financeira. Em março o dado foi revisado para 149 mil postos destruídos (contra 27 mil anteriormente), nos primeiros impactos da pandemia do novo coronavírus.

Ainda por lá, o presidente Donald Trump insiste na reabertura do país para os negócios, mesmo reconhecendo que a mudança causaria mais doenças e mortes pela pandemia. Ele considera ser um custo que está disposto a correr para colocar a economia de volta aos trilhos.

Vale destacar que, na véspera, ao final da sessão, o S&P 500 viu um ganho de quase 2% ser reduzido à metade após o vice-presidente do Fed, Richard Clarida, alertar que a economia precisará de mais apoio do governo.

Na Ásia, o banco central chinês (PboC) anunciou o enfraquecimento da taxa de paridade do yuan em relação ao dólar, para 7,0690 yuans por dólar, 0,17% mais fraca que a taxa de 7,0571 yuans por dólar de quinta-feira. Esse seria um gesto de boa vontade do gigante asiático em meio ao cenário de crescente tensão entre americanos e chineses. Como nos últimos dois dias, a Bolsa japonesa permaneceu fechada devido a feriados locais.

Na Europa, por sua vez, após abrirem em queda de forma generalizada, os índices amenizaram as baixas e operam praticamente estáveis. Os investidores seguem atentos às medidas de flexibilização do lockdown e repercutem os dados econômicos do continente. Na Alemanha, as encomendas à indústria sofreram tombo histórico de 15,6% em março ante fevereiro.

Copom e agenda econômica

Os investidores estão atentos à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que, segundo estimativa da maior parte dos economistas (segundo compilação Bloomberg), deve cortar a Selic em 0,50 pp para o novo piso histórico de 3,25% e sinalizar reduções adicionais para evitar um impacto ainda mais profundo do coronavírus na economia. A decisão será divulgada após o fechamento dos mercados.

Contudo, vale destacar que na véspera a curva do DI fechou ontem precificando um corte mais profundo, de 0,65 pp, indicando chances maiores de redução de 0,75 pp, após produção industrial e IPC-Fipe abaixo do previsto divulgados na terça-feira.

Deixe um comentário