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Fundo AfroEstate mira em criptoativos para acelerar suas iniciativas

Pedro PodestaHasani Damazio, da AfroEstate: buscando investidores fora do Brasil
Ao percorrer o cluster de empresas de alta tecnologia Silicon Alley quando estudava em Nova York no início dos anos 2000, Hasani Damazio entendeu que o setor lhe traria grandes oportunidades. Depois de concluir o curso de relações internacionais na Big Apple, trabalhou no financiamento e desenvolvimento de grandes projetos de infraestrutura na África, onde ganhou dinheiro e a confiança de investidores do continente. Recebeu então a missão de encontrar afroempreendedores brasileiros à frente dos negócios mais promissores da economia digital.
Em 2017, de volta ao Brasil, estabeleceu o AfroEstate, fundo pioneiro de investimento anjo focado em startups de base tecnológica criadas por empreendedores negros. Três anos depois da formação do fundo, o investidor evoluiu sua abordagem, abriu uma subsidiária em Hong Kong e agora prepara um initial coin offering (ICO). Com o modelo de captação de recursos – que na indústria de criptoativos é equivalente à oferta de ações na bolsa –, o fundo busca acelerar sua meta de criar um portfólio de 100 empresas com valor de mercado de R$ 1 bilhão nos próximos dez anos.
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O ICO da AfroEstate, que estava planejado para novembro deste ano, foi adiado para o segundo semestre de 2021 por causa da pandemia da Covid-19. A oferta será restrita a dez investidores do Oriente Médio e Sudeste Asiático, diz Damazio, com 10 milhões de tokens digitais emitidos em uma tentativa de captar R$ 10 milhões. Segundo o investidor anjo, o movimento é um meio de alcançar investidores de alto risco e levantar capital para apoiar startups em estágio inicial criadas por públicos “não privilegiados”, que fogem dos critérios tradicionais de mercado e encontram desafios maiores para atrair investidores.
“Essas empresas não estão estruturadas em um nível que as torna interessantes [para anjos ou fundos] porque oferecem muito risco. O ICO corta o caminho e nos conecta diretamente com investidores mais arrojados. São pessoas que em sua maioria já eram investidores tradicionais e encontraram no modelo de cripto mais praticidade e rapidez para fazer negócios”, conta Damazio, que continua atuando em outros negócios de infraestrutura, como um projeto de instalação de redes de energia fotovoltaica em comunidades sem acesso a eletricidade, presente em 17 países.
Além de atrair investimentos internacionais, o AfroEstate também quer que mais anjos brasileiros se juntem à iniciativa. O fundo já fez sete investimentos desde sua fundação em negócios como o marketplace Afropolitan e a startup de biotecnologia DNAfro. E busca apoiar negócios escaláveis com possibilidade de internacionalização, com preferência por fundadoras negras e de baixa renda.
Damazio, que investiu R$ 1 milhão na iniciativa, diz que suas experiências em apoiar startups até aqui o ajudaram a construir um argumento robusto para potenciais investidores. Ele acredita que o Black Lives Matter se tornou “o maior movimento de direitos civis da história mundial” e que a atual discussão sobre o combate ao racismo estrutural tem permeado o mundo dos negócios de forma positiva. “A comunidade investidora é conservadora por natureza, mas vejo muito mais pessoas querendo sair do seu quadrado. Além disso, ser diferente está se tornando algo cada vez mais valorizado. Esse interesse no alheio me faz acreditar que estamos indo para a frente, e que em algum momento encontraremos o equilíbrio. A próxima geração continuará esse trabalho de construção de um mundo mais equitativo. Sou muito otimista em relação a isso. É a única revolução que me interessa.”
Reportagem publicada na edição 81, lançada em outubro de 2020
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Infoeconomico

Fonte: FORBES

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