Tecnologia

Covid impulsiona o crescimento de ‘cozinhas fantasmas’ como alternativa para restaurantes da América Latina

Os aplicativos de entrega já prosperavam antes da Covid-19, mas com o isolamento social imposto pela pandemia, o segmento disparou com a crescente de novos usuários de dispositivos com internet.

A América Latina é uma das regiões mais competitivas do mundo no segmento de entregas, que quase quadruplicou nos últimos cinco anos. Ainda assim, com cerca de 96% dos restaurantes independentes da região sem presença on-line, o setor ainda tem grandes oportunidades a serem exploradas.

“O setor tem recebido grande atenção dos investidores, com Rappi, PedidosYa, iFood, Uber Eats e dezenas de outras empresas competindo para se tornar o líder regional”, escreveu Greg Mitchell, Diretor Regional da Angel Ventures, um investidor e consultor de startups e criador do blog Ruta Startup, em artigo publicado no site Crunchbase News.

As mudanças impostas também fizeram com que proprietários de restaurantes reavaliassem suas estratégias de negócios. A exemplo das cozinhas fantasmas ou cozinhas em nuvem (também é comum o uso de termos como dark kitchen ou cloud kitchen), ou seja, instalações comerciais focadas, exclusivamente, na produção do alimento, sem espaço para recebimento do consumidor, focando todos seus esforços na entrega em domicílio.

“Sem instalações de jantar para manter e a capacidade de se conectar diretamente com as plataformas de entrega existentes, as cozinhas fantasmas exigem um investimento inicial significativamente menor, permitindo que testem e implementem novos produtos e menus rapidamente”, diz Mitchell.

“Mas é importante notar que não existem duas cozinhas fantasmas operando da mesma forma. Vários modelos de negócios surgiram dentro do espaço da cozinha fantasma e alguns estão se desenvolvendo rapidamente na América Latina”, adiciona. Embora o foco seja a entrega em casa, muitas cozinhas também oferecem a opção de retirada no local.

Entre os exemplos de empresas que embarcaram no segmento, Mitchell cita a RoobinFood, sediada em Bogotá, que fechou recentemente uma rodada de financiamento de dívidas de US $ 16 milhões para suas operações de cozinha em nuvem.

A empresa de tecnologia de alimentos, antes chamada Muy, recentemente rebatizou como RobinFood para combinar seus restaurantes físicos e virtuais sob o mesmo nome e continuar sua expansão na Colômbia, México e Brasil. De fevereiro a setembro de 2020, diz Mitchell, a RobinFood afirma ter aumentado suas vendas de entrega cinco vezes e sua receita 10 vezes desde o primeiro trimestre de 2019, com opção de entrega em domicílio e retirada no local sem contato.

Em São Paulo, a Cloud Foods lançou seis marcas sob seu modelo de cozinha fantasma e observou um aumento de dez vezes na receita em comparação com 2019.

Cozinha como serviço

As empresas que operam no modelo de cozinha como serviço geralmente gerenciam todas as operações da cozinha e preparam comida em nome de um restaurante terceirizado sob um contrato de franquia, diz Mitchell.

Como exemplo, o autor conta que a Mimic, fundada no início de 2019 em São Paulo, treina seus funcionários para preparar os menus de um restaurante parceiro e fornece toda a tecnologia e infraestrutura necessárias para o cliente terceirizar os seus pedidos de entrega. A empresa arrecadou uma rodada de US $ 9 milhões em dezembro e tem como objetivo cobrir a região com oito cozinhas até o final de 2020.

A Rappi da Colômbia optou por lançar cozinhas fantasmas no Brasil, México, Chile e Argentina, no final de 2018, para ajudar os restaurantes a atender às demandas de entrega. Em 2019, a empresa construiu mais de 300 cozinhas e, hoje, diz Mitchell, conta com toda uma unidade de negócios para atender esse segmento de suas operações.

“O modelo de ‘co-cozinha’, também conhecido como cozinha multimarcas ou modelo ‘rent-a-kitchen’, ajuda a manter os custos operacionais baixos, permitindo que vários restaurantes, ou marcas, compartilhem um espaço de cozinha sob uma empresa controladora”, escreve.

Mercearias fantasmas

A Covid-19 também acelerou o crescimento dos negócios de entrega de alimentos na América Latina, incluindo plataformas de mercearia fantasma, que eliminam a intermediação do mercado, criando uma relação direta entre distribuidoras e consumidor final.

A mexicana Jüsto e a colombiana Merqueo são duas plataformas de mercearia fantasma que estão passando por um crescimento drástico. A Jüsto viu o volume de pedidos aumentar 500% somente neste ano. Enquanto a Merqueo, que arrecadou $ 14 milhões da Série A em 2019, viu suas vendas se multiplicarem em até quatro vezes durante o pandemia.

“Embora o mercado de last mile delivery tenha atingido um ponto de saturação, ainda existem oportunidades substanciais na indústria de serviços alimentícios da América Latina – seja eliminando custos e intermediários na cadeia de suprimentos com cozinhas fantasmas ou permitindo que mais restaurantes físicos sejam encontrados on-line por meio de outras soluções de tecnologia”, comenta Mitchell.

Infoeconomico

Fonte: Computer Word

Deixe um comentário