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“As empresas precisarão adotar estruturas de nuvem híbrida”, diz Ana Paula Assis

Durante a pandemia, os projetos de transformação digital foram muito acelerados e a adoção da nuvem cresceu substancialmente, assim como o uso da inteligência artificial. A demanda pelo Watson, por exemplo, dobrou entre fevereiro e maio deste ano. O mesmo aconteceu com outras APIs nossas. Então, claramente, há uma corrida por essas tecnologias, e nós queremos estar preparados e estruturados, da melhor maneira possível, para ajudar nossos clientes nessa transição.

F: Como tem sido a receptividade dos clientes?

APA: Muito positiva. Todas as empresas com as quais eu já conversei sobre essa transição acharam que esse movimento faz todo o sentido. O mercado bifurcou de fato, a forma como compramos infraestrutura e aplicações mudou. Hoje é tudo muito independente e as empresas precisam poder fazer escolhas por tecnologias distintas. E é exatamente por isso que acreditamos num conceito híbrido, porque a variedade de opções é enorme.

Temos uma estimativa de que, em média, as empresas terão seis ou sete nuvens com as quais terão que interagir. Ter controle sobre esses ambientes vai ser fundamental, principalmente porque as grandes companhias precisam responder por compliance, obedecer às agências reguladoras, garantir a proteção de dados, extrair inteligência do negócio.

F: Qual a importância do Brasil para a NewCo?

APA: O Brasil é um país muito relevante para IBM, sem dúvida está entre os principais, e o mesmo acontece com a NewCo. No ano passado anunciamos o IBM Cloud Multizone Region, o primeiro centro conectado de nuvem da América Latina e o país escolhido foi o Brasil. Isso é uma prova de como o país é relevante. Nós seguimos realmente investindo aqui, acreditando no potencial do Brasil.

F: Como a escolha de uma mulher brasileira para essa função foi encarada em nível global por seus pares?

APA: Super bem. O fato de eu ter passado por várias áreas da IBM que são muito importantes para estruturar esse trabalho que estou fazendo agora ajudou. Eu tenho um forte conhecimento da divisão de software e também de serviços. Por quase cinco anos fui responsável pela divisão de outsourcing de infraestrutura de TI no Brasil. Então a combinação dessas competências com o fato de eu ter liderado um mercado também muito importante pra empesa, que é um mercado interessante porque é muito plural e nos dá perspectivas diferentes, além de eu ter vivido na China e passado pelo headquarter da IBM contribuíram. É um conjunto de experiências, sejam multiculturais, sejam de negócio, que realmente me prepararam para chegar neste ponto. Acho que tudo isso ajudou para uma resposta muito positiva à nomeação.

F: Você já está no mercado de TI há algum tempo. Como enxerga a participação feminina nessa indústria? Melhorou ou piorou?

APA: Eu acho que as empresas, sem dúvida, aumentaram muito a consciência da importância de ter uma maior participação feminina, não só no mercado de tecnologia, mas no mercado como um todo, e principalmente de mais mulheres em posições de liderança. Então eu acho que a gente vive hoje um momento de muita consciência – embora ainda tenhamos um trabalho muito grande para que essa consciência se transforme em resultados efetivos, práticos.

Do nosso lado, temos reforçado cada vez mais iniciativas para capacitar as mulheres em tecnologia. Também temos políticas e ações para promovê-las, para realmente ter mais lideranças femininas. Esse esforço conjunto vai trazer resultados no médio prazo. Mas também acho que precisamos acelerar e direcionar o foco para que essa onda seja mais do que uma onda de boas intenções e para que sejamos mais consistentes em acompanhar essa evolução.

F: Você acha que a pauta do empoderamento feminino perdeu força à medida que outros grupos subrepresentados foram se destacando nos últimos anos?

APA: Não. Eu acho que, no fundo, o importante de tudo isso é a gente ter um debate muito amplo sobre diversidade. No final do dia, se tivermos feito algo para qualquer um desses grupos, estaremos contribuindo com todos. O que temos que trazer para a pauta é a importância de ter um ambiente inclusivo, aberto, que gere oportunidade para as pessoas independentemente de etnia ou gênero. Eu acho que essa consciência é tão importante que acaba ampliando a visão e levando o debate para o que realmente importa. Não queremos criar benefícios para um ou para outro. O que queremos é um mundo mais justo, onde todos tenham chances iguais. A discussão tem que passar menos pelos privilégios e mais pelas oportunidades. Precisamos acertar as distorções, resolver aquilo que gera obstáculos para que todos possam competir em nível de igualdade.

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