“Ter ideia é fácil, difícil é executar”, diz Tallis Gomes, fundador de Easy Taxi e Singu
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Em dezembro de 2014, quando deixou a companhia, ele tinha 4% e a Easy Taxi era líder no setor de transporte compartilhado mundialmente, alcançando mais países do que a Uber. “Mas nós tínhamos levantado US$ 80 milhões e eles US$ 1 bilhão. Éramos mais eficientes”, comenta.
Em 2015, Tallis saiu definitivamente da Easy, que foi comprada pela Cabify no ano seguinte por “40% a menos do que valia quando deixamos a gestão”. A próxima empreitada não demorou a surgir. A Singu, marketplace de serviços de beleza, foi fundada no mesmo ano. “Uma amiga advogada disse, rindo: ‘Estou indo para uma audiência agora com as unhas horríveis. Faz um Easy Manicure’. Vi sentido e fui pesquisar o mercado, que é de US$ 30 bilhões atualmente.” Sem encontrar um concorrente que usasse tecnologia para explorar o segmento, Tallis entrou de cabeça no negócio.
O empreendedor conta que muitos tentaram copiar a ideia e falharam, mas o negócio dele continua firme e crescente. “As pessoas me perguntam o que fazer para ter um negócio de sucesso. Não tem muito segredo, é só fazer com que o cara compre e volte a comprar com você. Mas o difícil é fazer, né?”, brinca ele, falando que a Singu tem ótima retenção de clientes. “Aprendemos muito sobre marketplace com a Easy e aplicamos na nova empresa. Criamos um negócio sustentável, com custo de aquisição baixo e crescimento orgânico alto”, pontua o empresário que apresenta o reality “Planeta Startup” na Band.

A Singu tem como uma de suas investidoras a atriz Deborah Secco. A ideia de não comprar publicidade e sim ter uma embaixadora que se identificasse com o público da marca também faz parte da estratégia de negócios, diferente do que Tallis fez no caso da Easy. “Autêntica, independente e determinada”, nas palavras de Tallis, Deborah é diretora criativa na Singu. “Minha estratégia de crescimento é diferente, focada em qualidade, crescimento orgânico, lucratividade, sem levantar capital o tempo inteiro para ter uma empresa sólida e, eventualmente, conquistar um grande parceiro estratégico quando fizer sentido”, conta, afirmando que um IPO está nos planos.
A Singu, que atualmente oferece profissionais treinados de unhas, penteados simples, depilação e massagem – pois, segundo Tallis, ”empresa de serviço precisa de previsibilidade”- também fornece à sua base de atendentes um produto financeiro, com cartões e benefícios, o que poderia até transformar a companhia em uma fintech.
Educação
No começo do ano passado, Tallis e outros parceiros resolveram fazer um e-book de educação executiva, que logo se transformou em curso. A imersão de três dias, recheada de conteúdo prático e palestras com grandes nomes do mercado, voltada a executivos C-Level tinha custo de R$ 20 mil. O sucesso foi tão estrondoso que Tallis criou o Gestão 4.0. Com executivos da Rappi e do Nubank no projeto, o negócio tem hoje 20 pessoas e fatura milhões. “Não posso abrir minha margem de lucro, mas posso dizer que é substancialmente maior do que as empresas de educação brasileiras que fizeram IPO na Nasdaq.”
A ambição é alta. “Pretendemos ser a maior escola de executivos no país nos próximos anos”, diz. Atualmente, os cursos são apenas presenciais, mas devem abrir turmas EAD, cujo preço será mais acessível, e módulos voltados a customer experience e M&A, por exemplo. “Sinceramente, não tinha enxergado esse potencial todo. Achei que seria um bom dinheiro e um bom produto.”
Tallis acredita no modelo de formação de altos gestores como uma forma de também ajudar o país a crescer. “Tem muito salafrário na internet querendo ensinar as pessoas a fazer negócios. Por que a gente, que tem um histórico provado, não faz um material sério e ajuda esse país?”, pergunta. “A única forma de o Brasil crescer é ter geração de emprego. Assim, as pessoas podem consumir, e o PIB cresce. Quanto mais empresas existirem nas bolsas de valores, mais forte fica o mercado de capital. Quanto mais forte o mercado, mais capitalizadas ficam as empresas. Quanto mais capitalizadas, mais elas contratam, mais as pessoas compram e assim gira o círculo virtuoso. E para ter bons ativos no mercado de capitais precisamos de gestores mais bem treinados. Então, enxergamos que a melhor forma que temos para fazer um país diferente é preparar melhor os executivos.”