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“Ter ideia é fácil, difícil é executar”, diz Tallis Gomes, fundador de Easy Taxi e Singu

Tallis Gomes/Divulgação
Tallis Gomes foi criado pela avó e aprender a empreender desde cedo

Tallis Gomes, 32 anos, é descontraído. Firme e didático, faz qualquer um acreditar que pode amanhã mesmo abrir um negócio de sucesso, com o mesmo poder de fogo de suas crias consagradas, Easy Taxi e Singu. E fortalecer o espírito empreendedor do brasileiro é uma das missões do jovem mineiro de Carangola, cidade de cerca de 33 mil habitantes, no sudeste de Minas Gerais, mais próxima de Vitória no Espírito Santo do que da capital mineira, Belo Horizonte.

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O multimilionário empresário recebeu a FORBES Brasil para uma conversa no fim do ano passado na sede da Singu, marketplace de beleza fundado em 2015, atual menina dos olhos de Tallis ao lado do Gestão 4.0, braço de educação executiva de sua empresa, que tem feito mais sucesso do que o esperado. Quem vê tantas glórias, porém, não imagina o tortuoso caminho percorrido por ele, selecionado para a lista FORBES Brasil Under 30 de 2014 e que tem em seu currículo também o lançamento de um best-seller de negócios, o livro “Nada Easy”, em que conta sua trajetória e dá dicas de empreendedorismo.

Criado pela avó e pelo patrão dela, a quem ele chama de avô, Tallis teve acesso a educação e foi instado a empreender desde muito cedo. A primeira “incursão” no mundo dos negócios aconteceu ainda na pré-adolescência. Aos 14 anos, vocalista de uma banda de rock – ele diz que canta agora apenas de brincadeira – e louco para comprar uma bateria para o grupo, Tallis teve a ideia de vender telefones disponíveis no Mercado Livre com uma margem de lucro em cima. “Criei o que hoje a gente chama de marketplace. Na época, nem sabia o que era isso”, conta.

Com uma filha pequena (ele foi pai aos 15 anos), conseguiu dinheiro suficiente para deixar a pequena cidade. Começou, então, a cursar publicidade no Rio de Janeiro, mas largou para fazer um curso de antropologia na África do Sul por seis meses, de onde voltou fluente em inglês. Seu primeiro negócio formal surgiu pouco depois, em meados dos anos 2000, com uma agência de gamificação de mídias sociais. “Não era o timing e eu quebrei menos de um ano depois.”

O empresário perseverou. “Fiz de tudo para poder sobreviver. Fui valet, entreguei panfletos”, lembra. Trabalhos em grandes empresas também apareceram. Unilever e Ortobom estão entre as companhias em que Tallis ficou por pouco tempo, sempre no departamento de marketing. “Nunca consegui ficar muito em empresa nenhuma”, afirma. O fato de ser muito bom com números – ainda que criativo, apesar da falta do diploma de ensino superior -, ajudou. “Conseguia fazer a parte analítica. Aprendi no meu primeiro negócio [em Carangola], quando fazia planilha em papel, como meu avô me ensinou.”

A Tech Samurai, agência de construção de software, surgiu logo depois. A ideia era vender projetos para empresas usando mão-de-obra remota de países como a Índia. O negócio durou só cerca de dois anos, mas rendeu a Tallis muito mais do que o jovem de 21 anos à época imaginava ganhar. “Sobrava dinheiro pra caramba, foi quando eu comecei a investir em mercado financeiro.”

Virada

O grande pulo, porém, ainda não havia chegado. Em uma competição, em 2011, Tallis teve a ideia da empresa que o alçaria à condição de empresário reconhecido mundialmente: a Easy Taxi. “Ninguém acreditou. Me disseram que, se fosse bom, alguém já teria feito nos EUA.” O fato era que pouca gente tinha acesso a smartphones, mas o empresário apostou na ideia, gastou as próprias economias e foi em frente. O negócio rodou mais de um ano sem investidores antes de chamar a atenção do fundo alemão Rocket, que comprou 70% da Easy Taxi em 2012, em uma rodada de investimentos de R$ 10 milhões. Com uma estratégia de aumentar a empresa para que o negócio não fosse tão diluído em uma segunda rodada, Tallis expandiu a Easy Taxi para 35 países, chegando a 500 mil motoristas e 20 milhões de clientes.

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