Setor de frutas gera riqueza no Nordeste, mas pouco fica com o trabalhador
Caminho longo
Embora algumas empresas – como as redes já citadas – tenham se disponibilizado a ouvir e buscar saídas para os problemas, ainda há muito pelo que lutar.
“Em Mossoró, na Chapada do Apodi, tem uma questão de resistência das empresas chegarem lá por ser região de agricultura familiar. A gente tenta trabalhar a defesa do território, reforma agrária, mais do que a questão de ser assalariado. Mas, agora, vejo como é importante o sindicato se apropriar das certificações. Vejo por essa relação com a Agrícola Famosa: a Tesco é uma grande compradora de melão e chegar à base e falar ‘olha, essa empresa disse que só compra se a empresa seguir essa série de recomendações’, é muito bom.”, sugeriu Antônio Nilton Bezerra Jr., da CPT RN Oeste.
As conquistas, mesmo com a tentativa de desmanche sindical com as mudanças nas leis trabalhistas, têm partido do coletivo dos trabalhadores em negociação com o patronato.
“No caso da (certificação com o selo) Rainforest Alliance, foi estabelecido na norma que as empresas têm de estabelecer um patamar de salário digno em 10 anos. Me parece uma novidade interessante, pois não é uma conta simples. Para fazer essa discussão não basta somente cobrar do produtor para ele pagar o salário digno. É preciso entender essa cadeia”, observou Marcel Gomes, representante da Repórter Brasil no seminário.
Organizadora do evento, a Oxfam Brasil marcou posição no combate por melhorias globais no trato humano com os trabalhadores.
“Quando a Rita falou da saúde mental, me veio à tona a fala da procuradora Ileana Mousinho, do Rio Grande do Norte, que falou muito da relação dos estudos do impacto dos agrotóxicos com doenças mentais. Devagar, vamos nos apropriando das discussões. Esse diálogo com as certificadoras é muito técnico, mas é preciso popularizar para chegar aos trabalhadores”, disse Marina Marçal, da Oxfam.
Gustavo Ferroni reforçou: “Seria importante que os sindicatos fizessem uma carta para Rainforest, e dizer que tem interesse em participar das auditorias. Dizer ‘sim, queremos ser consultados’. É importante marcar essa posição”.
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Fonte: Reporter Brasil