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Mercado global de drones agita players brasileiros

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O mercado de drones global está estimado em US$ 14 bilhões

Os drones para uso recreacional, como são chamados os que são usados principalmente para fazer fotos e vídeos e costumam ser faturados para pessoa física, representam apenas 4% do mercado nacional. O que faz a roda, ou melhor, a hélice girar no mundo dos drones é o seu uso técnico, em setores variados como o da infraestrutura (41%), agricultura (26%), logística (10%), segurança (8%), entretenimento (7%), seguros (5%) e mineração (3%). A utilidade de um veículo aéreo não tripulado (vant) vai de monitorar e irrigar lavouras a inspecionar prédios e pontes. E, além do hardware (o equipamento em si), que tem fabricantes nacionais, o veículo aéreo originou uma cadeia produtiva que envolve softwares, dispositivos, processamento de dados, operação, manutenção e treinamento, que, neste ano, deve movimentar R$ 500 milhões no país e gerar 100 mil empregos.

Essas são estimativas da empresa MundoGeo, que em junho realizou em São Paulo a quinta edição do DroneShow, evento voltado para os profissionais do mercado. “A venda do equipamento é apenas 10% do faturamento, o que em breve deve levá-lo a um sistema de comodities. O grosso está na oferta de serviços agregados ao drone. No processamento e na análise das informações existem muitas soluções que incorporam conceitos de inteligência artificial, machine learning, big data e mobilidade autônoma e podem ser visualizadas no formato 3D via realidade virtual, como em projetos de smart cities, monitoramento de barragens de mineração, infraestrutura e agricultura de precisão”, explica Emerson Zanon Granemann, fundador e CEO da MundoGeo. “Dois fatores favorecem o crescimento desse mercado no país. O primeiro é o mundial, pois os drones executam atividades dos mais diferentes tipos de maneira rápida, segura e barata; o segundo reflete a realidade no país. Como há falta de trabalho, esse campo se torna uma alternativa de receita rápida”, avalia.

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Isso pode explicar como os vants recentemente começaram a decolar no Brasil. Atualmente existem 3.400 empresas que trabalham com drones cadastradas na Anac, frente 820 companhias que se encontravam listadas pela agência em julho de 2017: um salto de mais de 400%. O faturamento no país cresceu 30% em 2018, acompanhando a tendência mundial de crescimento de 33% até 2020. Atualmente, o mercado de drones global está estimado em US$ 14 bilhões.

CHINESES NA LIDERANÇA

O líder mundial é a chinesa Dji, avaliada em US$ 15 bilhões, com receita anual estimada em US$ 3 bi, cujas vendas se multiplicaram 160 vezes entre 2011 e 2016. Com distribuidor no Brasil, a Dji é dona de uma fatia de 39% do nosso mercado, deixando uma boa parcela a ser explorada por empresas nacionais. Outros 26% são controlados pela XMobots, a líder no mercado nacional, sediada em São Carlos (SP). Ela atua nas áreas agrícola e ambiental, da linha de montagem dos drones de fabricação própria ao desenvolvimento de softwares, oferecendo ainda serviços de treinamento e planejamento. “O mercado brasileiro tem um potencial muito bom porque nossa agricultura é de ponta, compete de igual para igual com os Estados Unidos. E ainda tem muita coisa a ser desenvolvida em termos de tecnologia”, avalia Giovani Amianti, CEO da XMobots.

Embora não revele o faturamento da empresa, Amianti atesta que a empresa cresceu 31% no ano passado e prevê que neste ano deve crescer mais 65%. “Comecei a trabalhar com isso em 2004, quando entrei no mestrado em mecatrônica. Fomos a primeira empresa a fazer monitoramento da Amazônia por drone, e em 2014 entramos na área agrícola, que hoje é o nosso maior mercado”, diz Amianti.

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Desfile da Dolce&Gabbana, em Milão (2018): drones no lugar de modelos

Com foco na fabricação de drones e desenvolvimento de tecnologias de mapeamento aéreo nas áreas de agricultura e hidrografia, a catarinense Horus Aeronaves foi fundada em 2014. Segundo o sócio-fundador Fabrício Hertz, a empresa, que é a segunda maior do mercado brasileiro, cresceu 100% em 2018 e já bateu essa marca no primeiro semestre de 2019. “Até o fim do ano pretendemos triplicar nosso faturamento”, anuncia Hertz. “Quando começamos, entendemos que era um mercado promissor, pois havia um gargalo tecnológico, e os drones, além de tendência no mundo todo, tornaram-se uma solução de grande aceitação comercial no país.”

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