Economia

Ibovespa Futuro descola do exterior e cai com investidores de olho em dados nos EUA e Copom; dólar supera R$ 5,60

SÃO PAULO – Após abrir próximo da estabilidade, o Ibovespa Futuro acelerou as perdas nesta quarta-feira (6), se descolando do exterior, com os investidores de olho na bateria de indicadores no Brasil e nos EUA e também à espera da reabertura gradual das maiores economias em meio a um longo período de isolamento social por conta da pandemia do coronavírus.

Por aqui, as atenções se voltam à decisão de política monetária do Copom, que divulga após o fechamento a nova taxa de juros do país, enquanto EUA foram divulgados os dados do mercado de trabalho.

O Relatório de Emprego ADP do setor privado dos Estados Unidos mostrou que em abril foram eliminados 20,2 milhões postos de trabalho. O resultado foi praticamente em linha com o esperado pelos economistas consultados pela Bloomberg, que apontava para a destruição de 21 milhões vagas.

Foi o pior resultado já registrado no relatório. O recorde anterior foi de 834.665 postos perdidos em fevereiro de 2009, em meio à crise financeira. Em março o dado foi revisado para 149 mil postos destruídos (contra 27 mil anteriormente), nos primeiros impactos da pandemia do novo coronavírus.

Às 09h30, o índice futuro registrava queda de 0,69%, aos 79.710 pontos, enquanto o dólar futuro para junho tinha ganhos de 1,08%, aos R$ 5,650.

Na Ásia, o banco central chinês (PboC) anunciou o enfraquecimento da taxa de paridade do yuan em relação ao dólar, para 7,0690 yuans por dólar, 0,17% mais fraca que a taxa de 7,0571 yuans por dólar de quinta-feira. Esse seria um gesto de boa vontade do gigante asiático em meio ao cenário de crescente tensão entre americanos e chineses. Como nos últimos dois dias, a Bolsa japonesa permaneceu fechada devido a feriados locais.

Na Europa, por sua vez, após abrirem em queda de forma generalizada, os índices amenizaram as baixas e operam praticamente estáveis. Os investidores seguem atentos às medidas de flexibilização do lockdown e repercutem os dados econômicos do continente. Na Alemanha, as encomendas à indústria sofreram tombo histórico de 15,6% em março ante fevereiro.

Os índices futuros americanos, por sua vez, têm alta moderada após o presidente Donald Trump insistir na reabertura do país para os negócios, mesmo reconhecendo que a mudança causaria mais doenças e mortes pela pandemia. Trump considera ser um custo que está disposto a correr para colocar a economia de volta aos trilhos.

Vale destacar que, na véspera, ao final da sessão, o S&P 500 viu um ganho de quase 2% ser reduzido à metade após o vice-presidente do Fed, Richard Clarida, alertar que a economia precisará de mais apoio do governo.

Já entre as commodities, após registrarem queda reagindo a dados de estoque do petróleo, os contratos futuros do WTI e do brent viraram para ganhos. Segundo pesquisa do American Petroleum Institute (API), houve um forte avanço no volume de petróleo bruto estocado nos EUA na última semana, de 8,4 milhões de barris.

A previsão de analistas para os dados desta quarta que saem no final da manhã e que o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) americano divulga é de aumento de 7,4 milhões de barris nos estoques de petróleo bruto do país, uma vez que a pandemia do coronavírus tem prejudicado a demanda pelo petróleo, levando a uma expansão dos estoques da commodity.

Copom e agenda econômica

Os investidores estão atentos à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que, segundo estimativa da maior parte dos economistas (segundo compilação Bloomberg), deve cortar a Selic em 0,50 pp para o novo piso histórico de 3,25% e sinalizar reduções adicionais para evitar um impacto ainda mais profundo do coronavírus na economia. A decisão será divulgada após o fechamento dos mercados.

Contudo, vale destacar que na véspera a curva do DI fechou ontem precificando um corte mais profundo, de 0,65 pp, indicando chances maiores de redução de 0,75 pp, após produção industrial e IPC-Fipe abaixo do previsto divulgados na terça-feira.

Na véspera, a Fitch alterou a perspectiva do Brasil a negativa, mantendo o rating BB-. Segundo a agência, a mudança de perspectiva reflete a deterioração das perspectivas econômicas e fiscais e os riscos negativos de ambas diante das renovadas incertezas políticas, incluindo tensões entre o Executivo e o Congresso, e incertezas quanto à duração e intensidade da pandemia de coronavírus. A projeção é de que a economia brasileira deva contrair 4% em 2020, com riscos tendendo para o lado negativo.

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