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Fazenda que fornece a grupo dono da Segafredo corta cantina e pagamento de deslocamento do trabalhador

Trata-se de irregularidades que não inviabilizam a obtenção ou a manutenção dessas “medalhas” por bom comportamento. Procurado pela reportagem, o IBD não se manifestou sobre as irregularidades constatadas. 

A procura por selos aceitos em âmbito global segue em crescimento. Mas reportagem do Washington Post de outubro denunciou que a UTZ, líder no estabelecimento de padrões para a indústria do cacau, certificou fazendas da África Ocidental que usam trabalho infantil ou contribuem para a devastação florestal. A Rainforest Alliance, que está em processo de fusão com a UTZ, respondeu que a existência desses desafios é a razão de sua atuação na região. Informou  ter cancelado certificações e adotado novos cuidados e parâmetros na Costa do Marfim e em Gana.

O cangote do patrão ou o lombo do trabalhador

As infrações cometidas pelo empreendimento, segundo fontes ouvidas pela reportagem, refletem a piora nas condições de trabalho na cafeicultura nos últimos anos, além de expor as limitações dos selos de sustentabilidade internacionais. 

O coordenador da Articulação dos Empregados Rurais do Estado de Minas Gerais (Adere-MG), Jorge Ferreira dos Santos, ressalta que a reforma aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo então presidente Michel Temer (MDB) tornou ainda mais árido o dia a dia na lavoura, e o café mineiro não foge à regra: “Alguns direitos têm sido cortados e, em relação a irregularidades, com a extinção do Ministério do Trabalho e Emprego [no governo Jair Bolsonaro], os proprietários têm a certeza de que não vão ser fiscalizados.”

Um auditor fiscal do trabalho ouvido pela reportagem reforçou os impactos, na ponta, do esvaziamento da CLT e da promessa reiterada de Bolsonaro de tirar o Estado do cangote do produtor. “Muitas vezes a gente chega numa fazenda e o dono ou administrador pergunta, intrigado: ‘Ué, mas esse tipo de fiscalização não acabou?!’”

Santos, da Adere, diz que a inversão de lógica na Justiça do Trabalho derrubou as demandas judiciais em 60 a 70%. “Se o trabalhador não consegue comprovar a irregularidade, tem que pagar os custos judiciais mais os honorários do advogado do patrão”, justifica. Em 2018, dados sugerem que a qualidade de vida nos cafezais atingiu o pior patamar dos últimos anos

O sindicalista conta que o uso de tratores de cabine fechada para pulverização com agrotóxicos é um pedido que os sindicatos rurais têm levado às discussões com o patronato. Muitos relatam que, mesmo com o equipamento de proteção individual (EPI), é comum o contato do líquido com a pele. Jaubert Ulisses, da fazenda Nossa Senhora da Guia, descarta a adesão ao procedimento.

“A empresa conta com o SESTR (Serviço Especializado em Segurança e Saúde no Trabalho Rural), que cuida para que a legislação em vigor referente à segurança e saúde dos trabalhadores seja cumprida”, afirma, garantindo que a empresa fornece todos os equipamentos necessários para “neutralizar eficazmente os agrotóxicos” e possui um médico do trabalho para acompanhar os colaboradores.

O post Fazenda que fornece a grupo dono da Segafredo corta cantina e pagamento de deslocamento do trabalhador apareceu primeiro em Repórter Brasil. Fonte: Reporter Brasil

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