Tecnologia

Brasil ocupa o quinto lugar entre os maiores centros de captação de fundos de fintechs

Crescimento de captação em fundos de fintechs foi significativo na maioria dos principais mercados ao longo do ano passado, incluindo Brasil, Índia, EUA e Reino Unido, segundo levantamento recente da Accenture. O índice no Brasil foi puxado por investimentos no setor como a injeção de 400 milhões de dólares no Nubank, maior fintech no País, e na concorrente, Banco Intermedium, US$ 344 milhões.

Realizado a partir da análise de dados da CB Insights, empresa global de dados e análises financeiras, o estudo da Accenture incluiu informações sobre as atividades financeiras globais de empresas de capital de risco e de capital privado, corporações e divisões de capital de risco corporativo, fundos especulativos, aceleradores e fundos apoiados pelo governo. Os dados de investimento são referentes ao período de 2010 até o final de 2019 e incluem financiamentos de capital próprio e de terceiros.

Números ao redor do
mundo

No Brasil, o valor dos negócios triplicou, chegando a 1,6 bilhão de dólares. Por outro lado, mesmo com os ganhos, o valor total de negócios de fintechs ao redor do mundo diminuiu 3,7%, chegando a 53,3 bilhões de dólares, contra 55,3 bilhões de dólares em 2018. Naquele ano, os números foram impactados pelo valor recorde de 14 bilhões de dólares registrados pela Art Financial e de outras três transações bilionárias de empresas chinesas.

O valor dos negócios nos EUA aumentou 54%, chegando a 26,1
bilhões de dólares, enquanto o número de transações cresceu 6,9%, totalizando
1.232 no período.

“Apesar da forte demanda global pelas fintechs, a
previsão é que com o amadurecimento das startups os investimentos sejam
direcionados cada vez mais aos países com economias em crescimento, onde ainda
existem diversas oportunidades para inovações no mercado de consumo e
corporativo”, explica Julian Skan, diretor da prática de Financial
Services da Accenture.

O relatório indica que os investidores mantêm a confiança no
crescimento e demanda futuros de soluções digitais para bancos, seguradoras e
provedores de pagamentos. Nos EUA, a maior fatia dos financiamentos foi para as
startups e empresas de pagamentos líderes de mercado – cada uma delas,
responsável por 26% desse total. Outros 18% foram para as insurtechs. Com a
maior transação no país, a Figure Technologies Inc, fintech focada em crédito
ao consumidor, injetou sozinha um bilhão de dólares, em maio de 2019.

Já no Reino Unido, os investimentos em fintechs cresceram 63%, chegando a 6,3 bilhões de dólares – praticamente o mesmo registrado em 2018 e 2017. Os investimentos nas fintechs alemãs chegaram a 1,5 bilhões de dólares em 2019, enquanto na Suécia, a captação de fundos aumentou mais de sete vezes, passando de aproximadamente 175 milhões para 1,3 bilhões de dólares.

Em 2018, a captação de fundos na China foi recorde, quando
apenas quatro transações garantiram a entrada de aproximadamente 20 bilhões de
dólares. Em 2019, entretanto, houve queda de 92%, com valor total de 1,9
bilhões de dólares. A maior transação do país foi registrada em junho, no valor
de 145 milhões de dólares.

Outros países, entretanto, tiveram crescimento significativo.
Na Índia, os investimentos praticamente dobraram, chegando a 3,7 bilhões de
dólares, garantindo ao país o terceiro lugar entre os maiores mercados para
fintechs. Em Singapura, o valor de transações mais que dobrou, chegando a 861
milhões de dólares, contra 1,1 bilhão de dólares na Austrália, onde o
crescimento foi de quase 50%.

Bancos desafiadores

Os investimentos nos bancos desafiadores chegaram a 5,2
bilhões de dólares, em 2019, contra 1,6 bilhões de dólares em 2018. Os
resultados foram puxados pelos 726 milhões de dólares obtidos pelo banco
digital e operador de cartões italiano Nexi, seguidos por 683 milhões de
dólares levantados pela NAVER Financial, na Coreia do Sul, e pelos 700 milhões
de dólares obtidos pela Chime em duas transações separadas nos EUA.

“Por enquanto, ainda temos crescimento entre os chamados
bancos desafiadores, que estão expandindo tanto em seus mercados de origem
quanto no exterior, e entre os provedores de pagamentos, que estão incluindo
soluções integradas em suas atividades cotidianas”, diz Skan.

No Brasil, os investidores injetaram 400 milhões de dólares
no Nubank e 344 milhões no Banco Intermedium. Junto a isso, a alemã N26 obteve
470 milhões de dólares a partir de duas transações separadas e os bancos
digitais do Reino Unido Monzo e Starling Bank obtiveram 144 milhões e 211
milhões de dólares, respectivamente.

“Em 2020, os bancos desafiadores devem continuar no
centro das atenções dos investidores, com Singapura, Austrália e outros
mercados liberando novas licenças para os bancos digitais e players consagrados
como Revolut e Monzo explorando novos mercados”, afirma Skan.

Investimentos em startups de pagamentos e de crédito
respondem pela maior parte da captação de fundos entre fintechs, com 28% e 25%,
respectivamente. Já as insurtechs receberam 13% dos investimentos.

Transações atingem
níveis recorde, mas ritmo cai

No mundo todo, o número de transações entre fintechs aumentou
6,8% em 2019, chegando a 3.472, outro nível recorde. Segundo o Accenture, essa
foi a taxa de crescimento mais baixa dos últimos nove anos, sugerindo que a
atividade em mercados mais maduros pode estar se estabilizando, enquanto ganha
força nos novos centros de fintechs.

Para ilustrar, o número de transações nos EUA cresceu apenas
6,9% e 2% no Reino Unido. Já os volumes das transações registradas na região
Ásia-Pacífico foram muito mais altos – 11% no Japão, 16% na Austrália e 52% na
Singapura – assim como na Europa, com ganhos de 37% na Alemanha e 79% na Suécia.

“O crescimento saudável da atividade é um bom presságio
para as perspectivas de curto prazo do setor de fintech, principalmente porque
vemos participantes mais estabelecidos interessados em implementar as mais
novas tecnologias por meio de parcerias com startups, que também estão ansiosas
para lançar suas soluções para as bases de consumidores de grandes empresas
financeiras já estabelecidas,” afirma Piyush Singh, diretor da Accenture e
líder da prática de Financial Services para Ásia-Pacífico e África.

Fonte: Computer Word

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