Vale: o que os analistas esperam para a ação da mineradora um ano após a tragédia de Brumadinho?
O Bradesco BBI, por exemplo, destaca que o posicionamento dos investidores globais é claramente de venda, em meio a um ambiente de receios quanto a novos desenvolvimentos relativos ao rompimento da barragem.
Para Fontoura, mantendo as condições atuais, o desconto da Vale com relação às outras mineradoras globais pode permanecer ao longo dos anos, tanto por conta de um receio exacerbado de que um outro evento do gênero possa ocorrer novamente quanto pelo dano de reputação da empresa, que pode demorar para ser revertido.
Neste sentido, o estrangeiro que vê o mercado brasileiro de forma mais geral tende a ficar mais afastado da Vale, também levando em conta as manchetes mais negativas sobre o comprometimento do governo com o meio ambiente. Porém, quem acompanha a tese de investimentos mais de perto pode repercutir de forma mais rápida o processo de redução de riscos da mineradora.
Além disso, apesar de grande parte dos analistas estar otimista com os papéis, há aqueles que se mostram reticentes, como a equipe de análise do Morgan Stanley, que possui recomendação equalweight (exposição em linha com a média). “Embora a relação risco-recompensa tenha melhorado, ainda esperamos ter maior clareza sobre o passivo em torno do acidente de Brumadinho antes de nos tornamos mais positivos com o papel”, afirma a casa.
Na última terça-feira (21), o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) apresentou denúncia contra a mineradora, a consultoria alemã Tüv Süd e 16 pessoas. Conforme a acusação, ambas as empresas tinham conhecimento da situação crítica da barragem que se rompeu, mas não compartilharam as informações com o poder público e com a sociedade e assumiram os riscos. Logo após a apresentação da denúncia, os ativos VALE3 aceleraram a queda na Bolsa, mostrando que esse tema ainda é sensível para os mercados.
Entre os 16 denunciados, está o então presidente da Vale, Fábio Schvartsman, e mais 10 funcionários da mineradora. Os outros cinco ocupavam cargos na Tüv Süd. Eles foram acusados por diversos crimes ambientais e por homicídio doloso duplamente qualificado, levando em conta que as vítimas não tiveram possibilidade de defender suas vidas. Caso sejam condenados, apenas para o crime de homicídio, as penas podem variar entre 12 e 30 anos. As duas empresas também foram denunciadas pelos crimes ambientais e podem ser penalizadas com diversas sanções.
Assim, mesmo com as provisões, manchetes desse tipo afetam a percepção dos investidores sobre as ações. Apesar de os ativos registrarem um bom potencial de ganhos na visão da maior parte dos analistas de mercado, há riscos de o “novo normal” para a Vale se tornar uma ação bastante descontada em relação aos seus pares internacionais, caso a empresa não consiga reverter os danos para sua imagem.
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Fonte: Infomoney Mercados rss