Under 30 Devon Townsend faz milhões com vídeos-selfies e celebridades

Todas as manhãs, Larry Thomas, o ator que fez parte do 116º episódio da sitcom “Seinfeld”, Soup Nazi, há quase 25 anos, segue a mesma rotina. Ele se exercita, toma banho e depois verifica quantos pedidos de vídeos-selfies personalizados esperam por ele no Cameo, o mercado digital para pessoas dispostas a pagar US$ 60 para Thomas gravar, por exemplo, uma saudação de aniversário. Na preparação, o ator de 63 anos tenta ficar o mais parecido possível com seu icônico personagem — penteando perfeitamente seus cabelos e bigode. Na sequência, senta-se diante de uma luminária de mesa em seu escritório em Los Angeles e grava os vídeos com um celular preso a um suporte. “Eu fiz cerca de 525 [mensagens pagas]”, diz ele com seriedade característica. “E isso é surpreendente para mim, porque eu não sabia que havia tantas pessoas por aí que gastariam US$ 60 comigo”.
No site ou no aplicativo da Cameo, os clientes pagam entre US$ 5 e US$ 1.000 por saudações personalizadas de dezenas de milhares de celebridades da TV e do cinema, atletas profissionais ou figuras da internet. Muitas são estrelas de sucesso esquecido ou em decadência. Ou aqueles que nunca foram tão famosos para começar. Além de Thomas, Snoop Dogg (sua taxa atual: US$ 750 por mensagem) oferece seus serviços lá, assim como Stormy Daniels (US$ 250), Gary Busey (US$ 350) e Troy Aikman (US$ 600). O melhor amigo do homem também está em ação. Por US$ 50, o cão Wallace the Golden está disponível para pedidos de vídeo. Enquanto isso, Esther, a Porca Maravilha, custa um pouco menos –US$ 40 por take. Cameo é, em outras palavras, a Hallmark (rede norte-americana paga de televisão) para uma geração inteiramente mais jovem.
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Como se vê, Esther, Stormy e Troy estiveram bastante ocupados no ano passado. Depois de levantar mais de US$ 65 milhões em financiamento com investidores como Kleiner Perkins, Chernin Group e a Bain Capital, a Cameo diz que gerou “dezenas de milhões” de dólares em receita durante 2019 com a ajuda de destes personagens até então famosos. “Acho que penetramos na psique americana”, diz o cofundador e diretor de tecnologia Devon Townsend, que conquistou um lugar na lista Forbes Under 30 deste ano. Tudo isso fora o sucesso da plataforma. “Agora estamos apenas tentando descobrir como fazer o negócio crescer”.
O modelo de negócios da Cameo é baseado em uma taxa de comissão simples: a personalidade que faz as gravações recebe 75% de cada transação e a empresa embolsa o resto. Segundo um investidor, o total de transações cresceu dez vezes no ano passado. Jackson Jhin, diretor financeiro, diz que o Cameo gerou receita de seis dígitos em 2017, sete números em 2018 e oito em 2019.
Os números agradam os investidores. “No momento em que investimos [em junho de 2019], a Cameo havia crescido quase todas as métricas dez vezes desde o ano anterior”, diz Ilya Fushman, parceira da Kleiner Perkins. “Todas as métricas mais importantes foram ascendentes, um crescimento de dez vezes em relação ao ano anterior, o que obviamente é o que você gosta de ver e que não vê com muita frequência.”
Parte da inspiração para a empresa surgiu durante uma viagem que Townsend fez com o irmão e colega de faculdade Duke Cody Kolodziejzyk (mais conhecido hoje por seus milhões de fãs de mídia social como “Cody Ko”) em 2014. Townsend, então com 24 anos, largou o emprego de gerente de produtos da Microsoft para viajar pelo sudeste da Ásia e Austrália. Ele e Ko postaram sobre suas experiências no Vine, o agora extinto aplicativo de mídia social construído em torno de vídeos cômicos de seis segundos. Inesperadamente, suas postagens irreverentes de lugares como Japão, Vietnã, Laos e Camboja renderam a eles apaixonados seguidores no Vine e milhões de visualizações dos vídeos.