Economia

Relutância em corte de juros pelo Fed preocupa pares globais nas reuniões do FMI

Sede do Federal Reserve em Washington (REUTERS/Kevin Lamarque)

Washington (Reuters) – Chefes de finanças de economias grandes e pequenas estão se esforçando para acompanhar o ritmo da rápida redefinição das expectativas de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano), à medida que dados de inflação dos Estados Unidos agitam os mercados de Londres ao Brasil.

Todos insistem que estão definindo a política monetária independentemente do Fed e baseando-a nas condições locais. Mas essas condições agora estão sendo afetadas por uma súbita probabilidade de que a taxa de juros dos EUA permanecerá mais alta por mais tempo do que o esperado no início do ano, após uma série de dados de inflação mais fortes do que os estimados.

É uma virada inesperada que turbinou o dólar, estressando outras moedas e levantando a perspectiva de intervenção cambial na Ásia. Isso também forçou os banqueiros centrais da América Latina a adaptarem seus planos de corte de juros, e até mesmo deixou as autoridades dos países desenvolvidos se perguntando se podem surgir novas restrições em seus próprios planos de afrouxamento.

“Quando veio o susto de março (nos dados de inflação dos EUA), houve uma reversão drástica de expectativas, e isso mudou muito os humores em relação a como vão se comportar as variáveis macroeconômicos mundo afora”, disse ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em uma coletiva de imprensa em Washington na quinta-feira (18), paralelamente às reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial.

“Que houve uma reversão de expectativas em relação ao Fed, houve, e nós precisamos entender, uma vez que todos são capazes de imaginar a importância do que a autoridade monetária da moeda internacional vai fazer, porque todo o resto depende um pouco disso.”

Valorização do dólar

A valorização de 4,75% do dólar em relação a uma cesta de moedas este ano está criando dores de cabeça em muitas partes do mundo, mas seus ganhos de 9,6% em relação ao iene e de 6,5% contra o won da Coreia do Sul têm sido especialmente problemáticos para dois importantes parceiros comerciais dos EUA.

Esses movimentos levaram as autoridades do Japão e da Coreia do Sul a se reunirem nesta semana com urgência com a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, na esperança de conter as perdas, mantendo a possibilidade de intervenção, se necessário.

O presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, disse que o banco central japonês poderá elevar novamente as taxas de juros se a queda do iene aumentar significativamente a inflação, destacando o impacto que os movimentos da moeda podem ter sobre o momento do próximo movimento de política monetária.

“As autoridades de fora dos EUA estão tentando lidar com a recente fraqueza das moedas (de mercados desenvolvidos e emergentes) de duas maneiras: sugerindo uma possível intervenção cambial e inclinando a retórica do banco central em uma direção mais ‘hawkish’”, escreveu Thierry Wizman, estrategista global de câmbio e taxas do Macquarie, em uma nota. “O Japão está tentando as duas coisas.”

“Sem urgência”

Há cerca de duas semanas, os banqueiros centrais globais, os ministros das Finanças e os mercados de capitais estavam de acordo com o fato de que o banco central mais importante do mundo os conduziria a um caminho de custos de empréstimos mais baixos a partir de junho.

Mas uma série de dados econômicos dos EUA desfavoráveis a essa aspiração interferiu nesse consenso, e as autoridades do Fed – que há quatro semanas condicionaram o mundo a esperar uma série de três cortes de 0,25 ponto percentual nos juros este ano – mudaram de tom.

“Definitivamente, não sinto urgência em cortar a taxa de juros” dada a força da economia, disse o presidente do Fed de Nova York, John Williams, em um evento paralelo às reuniões do FMI e do Banco Mundial. “Acho que a taxa de juros precisará ser reduzida em algum momento, mas o momento para isso é determinado pela economia”.

Williams, influente vice-chair do Comitê Federal de Mercado Aberto do banco central dos EUA, que estabelece a taxa de juros, foi apenas a mais recente autoridade a se tornar repentinamente reticente em relação a uma mudança nos cortes depois que dados mostraram que a economia dos EUA estava em um ritmo inesperadamente rápido durante o primeiro trimestre e que a inflação, em particular, está se mostrando persistente.

As autoridades do FMI pediram aos bancos centrais asiáticos que se atenham a suas próprias ações e evitem a tentação de atrelar suas decisões a movimentos esperados pelo Fed.

“Se os bancos centrais seguirem o Fed muito de perto, poderão prejudicar a estabilidade de preços em seus próprios países”, disse Krishna Srinivasan, diretor do Departamento da Ásia e Pacífico do FMI, durante uma reunião sobre as perspectivas da região.

O Banco Central Europeu, por exemplo, parece determinado a seguir esse conselho e avançar com seus próprios planos para um primeiro corte nas taxas de juros em junho, independentemente da relutância do Fed.

“Precisamos reconhecer isso e conduzir a política monetária de acordo com os dados da zona do euro”, disse o presidente do Banco de Portugal, Mario Centeno, à Reuters. “Se isso significa que precisamos cortar as taxas de juros antes dos Estados Unidos, que assim seja.”

The post Relutância em corte de juros pelo Fed preocupa pares globais nas reuniões do FMI appeared first on InfoMoney.


Info Econômico – Seu Portal de Notícias Econômicas
Fonte Relutância em corte de juros pelo Fed preocupa pares globais nas reuniões do FMI


Hospedagem de sites é com Supersites Garantia de dados seguros!