Pesquisa do IPCA considera mudança de hábitos dos consumidores
“Se tornaram mais representativos na cesta. Não tenho como dizer que a incidência da doença ficou maior, pode ser também que o preço aumentou e por isso representa uma parcela maior do orçamento da família”.
Setores
No vestuário saiu o terno e entraram a mochila, a sandália e o chinelo. Já nos artigos de residência, os consumidores valorizaram os consertos de bicicleta .“Apontam também, são indícios que as pessoas estão levando uma vida mais saudável e acabam precisando mais do serviço. O terno também faz sentido. Antigamente tinha uma coisa mais formal e as pessoas precisavam trabalhar mais de terno. Hoje em dia as empresas estão adotando cada vez mais um ambiente mais informal”, observou.
Na comunicação onde houve bastante avanço tecnológico nos últimos anos, saiu o telefone público, mas foram incluídos além do serviço de streaming, o pacote de telefonia, internet e TV por assinatura e,em separado a TV por assinatura.
Também entre os componentes que entraram há alguns que são específicos de uma região e não em outra, como é o caso dos peixes palombeta, filhote e aruanã, encontrados no norte do país. “A cesta é definida por áreas e depois agrega por Brasil. Então, se aquele peixe foi representativo em uma determinada área ele vai entrar. Aí tem o critério técnico para definir o que vai ou não entrar na cesta. O critério geral é que se ele tiver mais de 0,07 % das despesas das famílias, naquela área entra automaticamente. A cesta Brasil agrega todas as áreas. Nas cestas locais, por exemplo, no Pará vai ter o filhote, em outra vai ter o aruanã e a cesta Brasil vai ter todos eles contemplados”, explicou.
IPC
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE/FGV) já incorporou a nova estrutura de ponderação. “Os índices das duas instituições, tanto do IBGE, que é o patrocinador da POF, quanto da FGV, largam 2020 com os pesos dos seus indicadores atualizados pela última POF”, observou o coordenador do IPC, André Braz.
O economista destacou que mesmo no caso do arroz e do feijão, as revisões da POF são importantes porque apesar de serem produtos bastante consumidos, o peso no orçamento pode variar de acordo com o tamanho da família.
“A gente continua contanto com arroz, feijão e carne com plano de saúde e uma série de produtos e serviços, que já faziam parte do IPC antes dessa POF e continuam, mas que são produtos que a gente sabe que não dá para abrir mão. Qual brasileiro que vai abrir mão do arroz e do feijão, por exemplo? Mas a gente aproveita para fazer uma revisão. O arroz e o feijão pesam mais ou menos do que na última POF? A depender do tipo de família pode pesar mais ou menos”, comentou.
“É nessa oportunidade que a gente revisa também o peso daqueles produtos que a gente sabe que não vão sair da pesquisa, vão continua fazendo parte do cálculo da inflação, mas que precisa reinvestigar e entender o quanto esses produtos estão onerando o orçamento familiar”, completou.
Braz afirmou que diante da rapidez do progresso tecnológico já há recomendação internacional para que as revisões da POF sejam pelo menos a cada dois anos para manter a estrutura de ponderação o mais atualizada possível. O economista destacou ainda a importância da atualização da POF para a definição da política monetária do Brasil.
“Se a gente oferece uma inflação bem medida, o Banco Central também, o Copom, fica mais confortável de tomar decisões de corte ou aumento da taxa Selic, IPCs atualizados, é um conforto a mais para a sociedade e também para a autoridade monetária”, concluiu.
Fonte: EBC ECONOMIA