O computador de 20 reais
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1. Raspberry Pi Zero: R$ 20
2. Case de acrílico (opcional): R$ 20
3. Teclado: R$ 15
4. Monitor LCD usado: R$ 120
5. Cartão microSD 8 GB: R$ 20 cada
6. Conversor HDMI-VGA (opcional): R$ 35
7. Cabo HDMI: R$ 10
8. Joystick (opcional): R$ 40
9. Mouse: R$ 10
10. Hub USB (com fonte): R$ 35
11. Carregador de celular (R$ 10)
12. Fonte (já vem com o Hub USB)
13. Caixinhas de som (R$ 30)
14. Antena Wi-Fi (R$ 20)
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Agora só faltava baixar o sistema operacional que faria meu minicomputador funcionar. Ele se chama Raspbian, é baseado no Linux e está disponível (de graça, obviamente) no site oficial do Raspberry Pi. É só baixar seu arquivo, de 1 gigabyte, salvar num cartão de memória e colocar no Pi. Fiz isso, conectei tudo, respirei fundo e liguei na tomada. O sistema ligou e carregou normalmente – só que o teclado e o mouse não funcionavam.
Depois de um tempo coçando a cabeça, fui buscar ajuda na internet e descobri que o Raspberry é implicante com o hub USB. Eu tinha comprado um barato e vagabundo, de dez portas. Testei com outro mais antigo, de sete portas, e deu certo. Ufa. O sistema vem com algumas ferramentas de programação, o pacote de escritório LibreOffice e uma versão do game Minecraft. Todos rodaram superbem. Já o browser, uma versão de código aberto do Chrome, nem tanto – a CPU do Pi, com apenas 1 GHz de velocidade, sofre para carregar os sites. Não é agradável usá-lo para navegar na internet, a menos que você tenha paciência de monge.
Mas sejamos justos. A proposta do Raspberry Pi não é substituir os PCs tradicionais. Por isso, resolvi usá-lo em outros dois projetos: montar um media center e um console de games clássicos.
Baixei o Open Source Media Center (osmc.tv), salvei num cartão de memória e coloquei no Pi – que, conectado à minha televisão, se transformou numa espécie de Apple TV, navegando pela coleção de vídeos, músicas e fotos que tenho guardadas no meu PC. Para comandá-lo, usei meu celular, com um app chamado Yatse. O media center ficou superlegal, exceto por uma coisa: não acessa Netflix (isso requer uma licença, que ele não tem).
Em seguida, baixei o RetroPie (retropie.org.uk), que roda os games de praticamente todos os consoles clássicos – do Atari 2600 ao PlayStation 1, passando por Master System, Mega Drive, Neo Geo, Nintendo e Super Nintendo. Ele consegue fazer isso porque contém emuladores, ou seja, programas que reproduzem, no Raspberry Pi, o funcionamento desses videogames. Sonhei em voltar a jogar Mario, Sonic, Alex Kidd e outros games clássicos, mas logo esbarrei numa questão.
As versões digitais desses jogos (ROMs) estão disponíveis na internet, mas não de forma legal. Baixá-los seria pirataria. A maioria dos games clássicos nem existe mais em versão comercial, mas isso não anula seus direitos autorais. “A lei protege os programas de computador por 50 anos”, explica o advogado Renato Opice Blum, coordenador do curso de direito digital do Insper.
O RetroPie também pode ser usado para rodar jogos independentes: os chamados homebrew, que são desenvolvidos por fãs de consoles clássicos e podem ser baixados legalmente (digite essa palavra, mais o nome de algum console, no Google para achá-los). Mas ele ocupa uma zona cinzenta: como o primeiro iPod, cujo uso não era estritamente legal. Talvez a indústria de games, como aconteceu com a da música, adote um modelo de negócios mais permissivo – ou a lei mude para acompanhar a evolução da tecnologia. Seja qual for o futuro, o Raspberry Pi já está lá.
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