Economia

Ibovespa cai 1% e dólar atinge os R$ 4,18 pela primeira vez em um mês

gráfico de ações e índices em queda

SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em forte queda nesta quarta-feira (15) com os dados fracos das vendas do varejo ofuscando o otimismo dos investidores internacionais com a assinatura do acordo comercial entre Estados Unidos e China. Lá fora, o Dow Jones terminou a sessão acima dos 29 mil pontos pela primeira vez na história.

As vendas do varejo de novembro seguiram o mesmo caminho da produção industrial e vieram abaixo das expectativas do mercado compiladas no consenso Bloomberg. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas no mês da Black Friday subiram 0,6% frente ao mês anterior, abaixo das projeções, que apontavam para um crescimento de 1,2%.

Segundo Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, desde a semana passada saem dados frustrantes sobre a economia brasileira. “Esse dado de vendas do varejo bem abaixo das expectativas com certeza ancora o Ibovespa para baixo e foi o principal responsável pelo descolamento em relação aos índices internacionais”, avalia.

O Ibovespa caiu 1,04% a 116.414 pontos com volume financeiro negociado de R$ 32,342 bilhões. Hoje foi dia de vencimento de opções sobre o índice, o que inflou o benchmark.

Enquanto isso, o dólar comercial subiu 1,3% a R$ 4,1838 na compra e a R$ 4,185 na venda. Foi a primeira vez em que o câmbio terminou um pregão acima dos R$ 4,18 desde 5 de dezembro do ano passado. O dólar futuro com vencimento em fevereiro tinha alta de 1,03% a R$ 4,179.

No mercado de juros futuros o DI para janeiro de 2022 caiu seis pontos-base a 5,02%, o DI para janeiro de 2023 teve queda de quatro pontos a 5,59% e o DI para janeiro de 2025 recuou um ponto-base a 6,34%.

O principal driver dos DIs foram as vendas do varejo, que ao virem abaixo do esperado fortaleceram as apostas de que o Banco Central terá que cortar mais os juros no Brasil para estimular a economia.

Já o câmbio sofreu com essas apostas, uma vez que com os juros mais baixos no Brasil o diferencial em relação às taxas cobradas nos Estados Unidos diminui e, como os EUA são a maior economia do mundo e seus títulos os mais seguros, o país naturalmente atrai mais investimentos.

Arbetman explica que a fraqueza do real foi mais expressiva que a de outras moedas, o que é motivado por fatores estruturais como as falas do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente do BC, Roberto Campos Neto, de que o dólar está em um patamar confortável acima dos R$ 4,00.

Sobre o pacto comercial, detalhar o conteúdo do acordo que foi assinado hoje em Washington, Trump destacou as compras de US$ 200 bilhões em diversos produtos e serviços americanos por parte dos chineses. Ele disse ainda que a China vai comprar US$ 50 bilhões em produtos agrícolas americanos e colocar US$ 75 bilhões na indústria americana.

Por fim, Trump apontou que a fase 2 será a última do acordo e que nela a China será aberta para todas as empresas.

Na véspera, o secretário do Tesouro dos EUA, Steve Mnuchin, frustrou investidores ao afirmar que as tarifas sobre US$ 360 bilhões em importações chinesas que não estão na primeira fase do acordo não serão revistas até as eleições presidenciais no país.

Na Europa, o Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha cresceu 0,6% em 2019, segundo dados preliminares com ajustes sazonais divulgados hoje pela agência de estatísticas do país, a Destatis. O resultado ficou um pouco acima da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam alta de 0,5%.

Em 2017 e 2018, porém, a economia alemã se expandiu em ritmo bem mais forte, de 1,5% e 2,5%, respectivamente. Apesar da forte desaceleração, 2019 marcou o 10º ano consecutivo de crescimento da maior economia europeia.

Também entra no radar o apoio americano à entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) no lugar da Argentina. Segundo reportagens divulgadas na mídia, embora os EUA tenham apoiado a adesão da Argentina e da Romênia em outubro do ano passado, o apoio a Buenos Aires acabou quando Alberto Fernández, do Partido Justicialista (peronista) foi eleito presidente da Argentina.

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