Hambúrguer feito de vegetais invade lanchonetes e supermercados
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A Fazenda Futuro também posicionou seu produto no varejo, em supermercados como Pão de Açúcar e St Marche – onde a carne vegetal fica ao lado da carne bovina. “É fácil notar que as pessoas que compram o produto são carnívoras. Criamos a marca para concorrer com os frigoríficos”, afirma Marcos Leta. “As pessoas querem ter alternativas. Existe a questão de ser mais saudável e também a do sacrifício do animal. Hoje todas as opções são colocadas em uma balança.” A Futuro está trabalhando na versão “2.0” de seu hambúrguer vegetal. Além disso, já no segundo semestre deste ano todas as lojas da rede Spoleto terão essa opção no seu maior sucesso de vendas, o macarrão à bolonhesa, e também nas almôndegas (desenvolvidas a quatro mãos).
SANGUE SINTÉTICO
Recém-lançada no mercado, a Behind the Foods foi fundada pelo publicitário Leandro Mendes depois que ele decidiu mudar radicalmente seu estilo de vida e de alimentação: tornou-se vegano da noite para o dia e passou a fazer exercícios regulares. “Em dois meses, todos os meus exames de saúde mudaram para melhor”, afirma. Mendes mudou-se em 2016 para os Estados Unidos, onde começou a desenvolver projetos na área. “O primeiro deles era parecido com um Subway vegano, mas concluí que não era isso que eu queria. Depois de um tempo, nasceu o embrião da Behind (que na época se chamava Meatz). Percebi que, com a criação de uma proteína vegetal, eu atacaria diversas frentes”, conta. De volta ao Brasil, encontrou o parceiro comercial “ideal” para desenvolver seu hambúrguer alternativo: o grupo Adeste, que atua em quatro segmentos diferentes e que reúne oito marcas, três delas na área de alimentação.
“Nossa carne é feita com um blend de dois tipos de batatas, jaca, goma xantana e proteína isolada de soja. A parte líquida, que imita o sangue, leva extratos naturais de beterraba e urucum”, explica Mendes. Em breve, um diferencial será acrescentado ao produto: a leghemoglobina, idêntica à molécula de hemoglobina, mas produzida em laboratório pela junção dos DNAs de uma bactéria e de uma planta leguminosa. Esse “sangue sintético” vai aproximar ainda mais o cheiro, o aspecto e o sabor da carne vegana ao da carne animal.
A Superbom, que há 94 anos trabalha na criação de comida vegetariana e saudável, também correu para se atualizar e não ficar fora do promissor mercado de carne vegetal. “Começamos nosso projeto há três anos, e passamos a desenvolver produtos plant based à base de proteína de ervilha”, diz Cristina Ferreira, diretora de P&D da empresa. O resultado da engenharia de alimentos da Superbom foi um hambúrguer “com 15 gramas de proteína, uma cadeia de aminoácidos muito boa e praticamente metade de gordura”, segundo Cristina. “Adicionamos algumas vitaminas, como a B12, na composição.” A linha à base de plantas já representa 35% do faturamento da empresa.
A poderosa Seara também parece estar mudando seu posicionamento de “maior processadora de carnes do mundo” para “maior processadora de proteínas do mundo”. O primeiro passo: o lançamento do Incrível Burger, feito de soja, beterraba, trigo, alho e cebola. No Brasil, o produto chegou ao consumidor final no fim de maio. Em junho, foi a vez da Nestlé de anunciar seu hambúrguer feito de plantas, comercializado inicialmente em 1.500 unidades do McDonald’s na Alemanha.
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“O futuro dos alimentos será construído no reino vegetal, por força do aumento da população, da maior consciência das pessoas e dos problemas ambientais gerados pela produção de proteína animal”, conclui o consultor André Rodrigues. A carne vegetal está deixando de ser nicho para ser protagonista.
COMIDA FEITA DE ALGORITMOS