Economia

Haddad diz que Selic “certamente” começa a cair hoje: “Ninguém espera manutenção da taxa”

Algumas horas antes de o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central iniciar a reunião em que será definido o novo patamar da taxa básica de juros brasileira (a Selic, atualmente em 13,75%), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que o ciclo de afrouxamento monetário no país “certamente começa hoje”.

Em entrevista ao programa “Bom Dia, Ministro”, da rede estatal EBC, Haddad disse que há um “espaço importante” para a queda da Selic ‒ que, segundo ele, terá impacto sobre as taxas de juros futuras e, consequentemente, para empresas e para o consumidor final.

“A Selic hoje, a 13,75%, é a maior do mundo em termos reais. Projetada para o ano que vem, está em mais de 10%. Temos um espaço importante para a queda da taxa básica, e quando cai a taxa básica de juros ‒ o que certamente vai começar a acontecer hoje -, você vai ter uma perspectiva de diminuição do juro futuro, o que implica que as empresas vão começar a captar mais barato, e, ao final, isso vai acabar chegando ao consumidor”, afirmou.

Durante a conversa, o ministro disse que há pouco tempo o país viveu um “surto inflacionário”, com o índice de preços acumulando alta de dois dígitos durante o final do governo de Jair Bolsonaro (PL). Ele argumenta, contudo, que a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu um “freio de arrumação” que trouxe credibilidade ao país e ajudou a conter a evolução dos preços.

“Houve um esforço monumental do governo em dar um freio de arrumação nisso, para que os preços parassem de subir e, em alguns casos, começassem a cair. Não é uma coisa simples de ser feita, mas o fato é que a inflação, que estava em mais de 10% há pouco tempo, hoje está na casa de 3,2%. O esforço que foi feito no sentido de trazer a inflação para baixo surtiu efeito”, disse.

“Nós demos um choque de credibilidade no país, porque a coisa estava completamente desgovernada. O governo anterior, sobretudo em 2022, começou a gastar um dinheiro a rodo para ver se revertia o desfavoritismo eleitoral. Foram mais de R$ 300 bilhões de dinheiro público investidos na eleição de 2022 para garantir a vitória do governo, e nem isso foi capaz. Mas isso deixou um rombo orçamentário que está sendo administrado. Tivemos que tomar medidas duras, do ponto de vista fiscal, para trazer o déficit público para um patamar cada vez menor, mirando o equilíbrio das contas públicas”, prosseguiu.

Haddad citou a queda recente do dólar, que saiu de patamar próximo a R$ 6,00 no ano passado para um nível abaixo de R$ 4,80. E mais uma vez mencionou a postura adotada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Congresso Nacional como fundamental para a retomada da confiança e a conquista de indicadores mais favoráveis na economia.

“Tudo isso aponta para uma direção técnica de um corte mais consistente [nos juros]. Hoje o mercado está pendendo mais para 0,5 p.p. do que para qualquer outro número”, disse.

“As perspectivas são muito boas não por outra razão que não seja o retorno para a sociedade do esforço que a sociedade, por meio dos seus representantes, já fez nos primeiros seis meses deste ano”, continuou.

Na entrevista, Haddad chamou esta quarta-feira (2) de “decisiva” e salientou que todo o mercado aposta em uma queda da Selic nesta reunião do Copom. “Não existe um economista, pelo menos com reputação, que possa defender a manutenção da taxa”, pontuou.

Embora a maior parte dos analistas do mercado esteja dividida entre um corte de 0,25 ou 0,5 ponto percentual, o ministro disse que há quem aposte em queda de 0,75.

“Nós estamos num dia meio decisivo porque tem gente do mercado ‒ não estou falando de política, os políticos provavelmente gostariam de uma redução como aconteceu no Chile, que cortou 1 ponto percentual ‒ apostando em uma queda de 0,75. Ninguém espera a manutenção da taxa”, afirmou.

Durante a conversa, Haddad também falou sobre um horizonte favorável para a continuidade da agenda de reformas econômicas no segundo semestre, com a expectativa de aprovação do novo arcabouço fiscal pela Câmara dos Deputados, além da elaboração da peça orçamentária de 2024 e da revisão de benefícios fiscais com baixo retorno social.

Além disso, o ministro reforçou o compromisso do governo em colocar em prática iniciativas para alavancar um crédito mais barato no futuro, citando como exemplo a redução dos juros do crédito consignado, no início do ano, ou o marco das garantias, já aprovado no Senado Federal e que retorna para a Câmara dos Deputados, que terá a palavra final sobre o texto.

Nesse sentido, Haddad disse que o governo, em conjunto com os bancos e o varejo, irá, em torno de 90 dias, dar uma “solução final para a questão do crédito rotativo”.

“Há um compromisso do governo, de até o final do ano, em torno de 90 dias, darmos uma solução final para a questão do crédito rotativo, que é o maior problema de juro do país hoje. Hoje, o varejo, o governo e os bancos estão sentados à mesa com o compromisso de resolver esse problema”, afirmou.

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Fonte: Economia Infomoney
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