Em movimento sem precedentes, Uber abre relatório de denúncias de violência sexual
A Uber publicou um relatório de segurança de 84 páginas, buscando quantificar as más condutas e as mortes que ocorreram no seu sistema de corridas.
De acordo com informações da Bloomberg, a companhia anunciou ter recebido mais de 3 mil denúncias de abuso sexual envolvendo motoristas ou passageiros nos Estados Unidos.
Os motoristas da Uber fizeram quase tantas denúncias de abuso sexual quanto os passageiros, que registraram 56% das reclamações. Há poucos dados para comparar sobre abusos sexuais em táxis ou outros sistemas de transporte, no entanto, as queixas relatadas à Uber variaram de beijos indesejados a penetração forçada.
“A Uber reflete muito a sociedade”, declarou Tony West, diretor jurídico da companhia, que ajudou a liderar a pesquisa. “O fato triste e infeliz é que a violência sexual é mais prevalente na nossa sociedade do que as pessoas pensam. As pessoas não gostam de falar sobre esse assunto.”
Independente do número de mortes ou de casos de violência, especialistas mostram que, ao publicar os dados, a Uber está dando um passo incomum para uma empresa, chamando a atenção para os perigos do seu serviço. Depois da divulgação do relatório, as ações da companhia registraram queda de cerca de 1,5%.
Denúncias de violência sexual
A Uber divulgou cinco categorias de violência sexual. Em 2018, a companhia recebeu 1.560 denúncias de toque não consensual, 594 denúncias de beijo não consensual em partes do corpo não sexuais, 376 denúncias de beijo não consensual em partes sexuais do corpo, 280 denúncias de tentativa de penetração e 235 relatos de penetração.
Para Ebony Tucker, diretora executiva da Raliance, empresa de advocacia e consultoria focada na prevenção da violência sexual, afirma que a extensão da má conduta sexual, apesar de impressionante, não é exclusiva da Uber. As descobertas da companhia “não surpreenderam nenhum de nós”, disse. “A agressão sexual é generalizada. Está em toda parte.”
Segundo os analistas, quantificar os casos de assédio sexual é um exercício complicado. Conforme apontado pela Uber, apenas um terço das reclamações que a empresa recebeu sobre estupro foi denunciada à polícia. Vale destacar que 89% das acusações foram relatadas por mulheres. Ativistas contra a violência sexual consideraram a decisão da Uber de divulgar os dados um momento importante.
“É realmente sem precedentes para uma empresa coletar esse tipo de dados ao longo do tempo e depois compartilhá-los com o público”, comemorou Karen Baker, diretora executiva do National Sexual Violence Resource Center, que acompanhou o estudo.
A expectativa é de que os relatórios se tornem ainda mais completos no futuro.
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