Após 3 anos de ameaças, líder sem-terra é assassinado no Pará
Em outubro de 2016, o acampamento sem-terra teve as barracas queimadas. Silvério e o irmão dele, Luciano, foram denunciados pelo Ministério Público Federal à Justiça. Luciano foi assassinado em maio de 2018. Após a morte do irmão, Silvério gravou um vídeo pedindo ajuda do então candidato à presidente, Bolsonaro. Silvério acusa movimentos sociais, que estariam agindo liderados pelo padre Amaro. Essa tese, no entanto, não encontra eco na investigação policial. Segundo a Superintendência de Polícia Civil do Xingu, o motivo da morte de Luciano seria uma disputa entre madeireiros.
Márcio foi o principal denunciante, acusando os irmãos Fernandes de incendiarem as casas e expulsarem os trabalhadores rurais do lote 44. Silvério é madeireiro e já foi vice-prefeito de Altamira. Candidato a deputado estadual derrotado na última eleição, foi um dos principais cabos eleitorais do presidente Jair Bolsonaro na região do Xingu em 2018.
Acampamento queimado
O líder sem-terra foi preso pela primeira vez em março de 2017, quando tentava reconstruir o acampamento no lote 44. Ele foi acusado de invasão de propriedade e porte ilegal de arma. No dia da prisão, Silvério acompanhava a operação policial.
Além de Márcio, cerca de 20 testemunhas denunciaram Silvério e seu irmão por terem queimado as casas do acampamento. Outro denunciante foi Valdemir Resplandes dos Santos, assassinado em 9 de janeiro de 2018. Valdemir era uma liderança do lote 46, que fica em frente ao 44.
Segundo o Ministério Público Federal, os Fernandes “mandaram destruir objetos alheios, com o emprego de substância inflamável, por motivos egoísticos”. Questionado, Silvério admitiu que “desmanchou” as casas. “O lote 44 é nosso. É nosso!”, contou à época à Repórter Brasil.
Márcio ficou preso por nove meses na Penitenciária de Altamira. Logo depois de ser preso, nasceu seu primeiro filho, mas a criança morreu antes de ele ser solto, “devido às dificuldades enfrentadas pela mulher com o marido preso”, segunda a CPT.
No começo do ano passado, após a Polícia Civil encontrar uma espingarda velha em sua casa, ele foi preso novamente. Na época, sua mulher estava grávida de gêmeas. As duas nasceram com o pai ainda na cadeia.
Ele o saiu da prisão em setembro de 2018. Dois meses depois, disse à Repórter Brasil que sabia do risco que corria, mas não queria deixar a cidade, pois preferia ficar junto da família.
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Source: Reporter Brasil