A revolução da inteligência artificial
O apocalipse dos trabalhadores
As novas tecnologias vão dar mais tempo livre aos humanos – mas vão mudar para sempre a forma como trabalhamos

MUDANÇAS RADICAIS
A chamada Quarta Revolução Industrial deverá trazer mais eficiência a inúmeras formas de trabalho e mais tempo livre aos humanos. O problema é que para muita gente o tempo livre será total. A consultoria McKinsey levantou dados em 46 países e constatou que entre 400 e 800 milhões de pessoas vão perder seu emprego para as máquinas até 2030 – é quase cinco vezes mais que a atual população brasileira em idade para trabalhar
NOVA ESCOLA
Isso tudo faz parte de uma grande transformação. Faremos menos trabalhos braçais e mais atividades criativas, por exemplo. Para se ajustar, as escolas terão papel essencial. Além de programação, línguas e empreendedorismo, os alunos reforçarão habilidades como trabalho em equipe e ética. Nas escolas, por enquanto, humanos e máquinas trabalharão juntos. A IA poderá oferecer conteúdos mais personalizados a cada aluno, mas sempre com a coordenação do professor
AUTOMATIZA TUDO
Segundo o estudo da McKinsey, até 30% das atividades em cerca de 60% das profissões poderão ser feitas por robôs. O relatório diz também que 50% dos postos de trabalho no Brasil hoje já poderiam ser automatizados. Ou seja, 53,7 milhões de pessoas poderiam perder o emprego. Os setores mais automatizáveis são indústria (69%), hotelaria e alimentação (63%) e transporte e armazenamento (61%)
O DE CIMA SOBE…
Mas essa revolução poderá aumentar a desigualdade social. Postos de trabalho podem ser divididos em de baixa, média e alta habilidade. Os de alta habilidade exigem decisões complexas e têm um fator humano indispensável. Uma máquina não será um executivo. Os de baixa também não são ameaçados, por razões diversas. A substituição da mão de obra humana pela automatizada visa lucro e produtividade. Logo, criar garis ou jardineiros-robôs não faz muito sentido, por ora. Robô-faxineira ou garçom ainda é algo pouco prático, que funciona mais nos Jetsons do que na vida real
E O DO MEIO DESCE…
O problema se concentra no pessoal de média habilidade, aqueles cujo emprego (em cargos administrativos e na indústria, por exemplo) é mais ameaçado pelas máquinas. Ou ele se qualifica ou vai parar em empregos menos valorizados. Especialistas apostam que isso vai gerar um desequilíbrio bem grande, porque, como a maioria das pessoas não tem dinheiro para fazer faculdade e cursos de qualificação, muitos vão parar nos empregos que pagam menos, deixando o mundo mais desigual
E ISSO PODE?
Outro grande problema é que a tecnologia avança mais rápido do que a legislação. Os governos e as empresas ainda não sabem direito o que fazer sobre isso, pois praticamente não existem leis sobre automação. Para alguns especialistas, é difícil, ou quase impossível, frear o avanço tecnológico com leis como as que, por exemplo, obrigam que postos de gasolina tenham frentistas e ônibus tenham cobradores, no Rio de Janeiro
Inimiga ou amiga?
O surgimento de uma IA avançada é motivo de preocupação para grandes pensadores, como Stephen Hawking. Já empresários como Mark Zuckerberg não veem como a IA pode ter um lado sombrio
- O físico inglês Stephen Hawking, morto em março de 2018, e o magnata Elon Musk são dois dos principais nomes da turma com sérias preocupações com o avanço da inteligência artificial. Em 2014, Hawking afirmou à BBC que a IA poderia causar o “fim da raça humana”. Já Musk chegou a tuitar que essa tecnologia causaria uma 3ª Guerra Mundial. Não à toa, eles fazem parte do Instituto Future of Life, organização criada para ficar de olho no desenvolvimento dessas ferramentas
- Em 2015, os membros do instituto, que inclui pesquisadores de Harvard e do MIT, assinaram uma carta aberta alertando para os riscos da IA. No texto, eles afirmam que não são contra essa realidade, mas que ela deve ser bem pensada. “Não podemos prever o que vamos alcançar quando essa inteligência for aumentada pelas ferramentas da inteligência artificial”, escreveram
- Além disso, gigantes da tecnologia, como Amazon, Apple, Facebook, Microsoft e IBM, estão atentas aos potenciais riscos de uma inteligência robótica descontrolada. As cinco formam a Partnership on Artificial Intelligence to Benefit People and Society, organização que quer desenvolver boas práticas de pesquisa, ética, justiça e inclusão na área