Economia

A questionável sustentabilidade e eficiência dos carros elétricos: seria a Tesla o novo Concorde?

Eu talvez até consiga imaginar um mundo com tudo acima funcionando, mas temos ainda mais um problema: os governos. Hoje uma das maiores fontes de receita dos governos são impostos sobre combustíveis. No caso do Brasil, a carga tributária da gasolina já corresponde a quase 50% do preço final na bomba.

Imagine isso em uma escala global e a magnitude da importância desse setor para os governos. E uma pequena parte desses impostos são redirecionados para dar subsídios aos veículos elétricos, que, mesmo assim, ainda não são capazes de ser competitivos. Assim, adoção em escala global de EVs interromperia repentinamente o grande fluxo de impostos e os subsídios, por conseguinte, não conseguiriam ser mantidos, trazendo um enorme desequilíbrio à já desajustada economia mundial.

Ao contrário do que muitos pensam, a ideia de EVs não é original nem moderna. Ela já esteve aqui há mais de 100 anos e Thomas Edison inclusive tentou persuadir Henry Ford a criar um automóvel movido a energia elétrica, mas depois de várias tentativas, Ford abandonou o projeto. Isso mesmo após ter investido mais de US$1,5 milhão no desenvolvimento do veículo, uma quantia razoável para a época – para se ter uma ideia, o preço de venda do carro elétrico seria algo entre US$500 e US$750.

O grande problema na época, segundo relatos, foi a tecnologia da bateria – e essa continua sendo a barreira hoje. Eu entendo que o custo de fabricação de uma bateria tenha caído bastante, mas já faz 2 anos que ele está estabilizado. É bem provável que tenhamos chegado a um platô e que a velocidade de queda no custo diminua bastante, fazendo com que a adoção de veículos elétricos não seja tão rápida e exponencial como muitos gostam de imaginar.

Devemos nos perguntar se algo que custa mais em termos energéticos para ser produzido (veículos elétricos) pode ter uma vantagem sobre algo que custa menos (veículos a combustão interna). Adam Rozencwajg cita o Concorde, aquele avião moderno, bonito e charmoso, com tecnologia superior aos aviões da época (e até a alguns de hoje), que gastava até três vezes mais energia por passageiro para transportá-los.

O Concorde nunca se popularizou e seu uso foi descontinuado após alguns anos por falta de eficiência e viabilidade econômica. Lembrando que o Concorde era famoso no meio artístico e de milionários – qualquer semelhança com a Tesla é pura coincidência.

Lendo relatórios de bancos e corretoras, vemos uma extrapolação (ainda que sem querer) na Lei de Moore. Acredito que uma bateria seja muito diferente de um microchip e que ganhos nessa escala não serão possíveis – pelo menos não num futuro próximo. Além do mais, esses mesmos relatórios fornecem previsões acerca do uso e da aceitação EVs em proporções que desafiam o bom senso e das quais tenho que duvidar.

Estamos vendo desaceleração nas vendas de veículos elétricos quase que no mundo inteiro – o único lugar em que as vendas estão crescendo é na Europa, onde os subsídios do governo estão sustentando e impulsionando esse mercado. De maneira geral, a venda de EVs no mundo está desacelerando.

Eu não sou contra a adoção de veículos elétricos, muito pelo contrário. Sou a favor da melhor tecnologia e da competição livre entre elas. Acredito que todos se beneficiem com a disputa livre entre as soluções. Tendo dito isso, acredito que os governos deveriam refletir sobre os subsídios concedidos ao setor e deixar que a concorrência determine a melhor tecnologia e meio de transporte a ser usado.

Disclaimer: Esse texto reflete a opinião do autor e não constitui uma sugestão, recomendação, indicação e/ou aconselhamento de investimento. Nenhuma decisão de investimento deve ser tomada com base nas informações ora apresentadas, cabendo unicamente ao investidor a responsabilidade sobre qualquer decisão que venha a tomar.

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Fonte: Infomoney Mercados rss

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