Ibovespa fecha em queda e apaga alta semanal com investidores atentos ao coronavírus
SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira (24) após atingir nova máxima histórica na véspera e anulou os ganhos da semana, que foi marcada pelas preocupações com a propagação do coronavírus surgido na China.
Já foram identificados perto de 900 casos, com 26 mortes confirmadas. Três dos infectados estão nos Estados Unidos e dois na França. No Brasil houve suspeitas em torno de cinco casos, mas nenhum deles confirmado.
Segundo o operador de renda variável da Commcor, Ari Santos, o vírus dá força aos vendidos, que têm aproveitado para pesar a mão em bancos e na Vale. “A mineradora ainda sofre principalmente com os efeitos da tragédia de Brumadinho, mas agora isso se soma aos temores em relação ao que acontece na China. Não dá para saber se haverá impacto na economia”, avalia.
Para Santos, a Bolsa tende a se recuperar conforme forem se acumulando os casos de cura da doença. Três pacientes já se livraram do vírus nos últimos dias. Ontem, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou ser muito cedo para afirmar que o coronavírus é uma emergência internacional.
O Ibovespa registrou baixa de 0,96% a 118.376 pontos com volume financeiro negociado de R$ 19,573 bilhões. Na semana, a Bolsa recuou 0,1%.
Enquanto isso, o dólar comercial teve alta de 0,45%, a R$ 4,1844 na compra e R$ 4,1856 na venda. O desempenho do câmbio na semana foi uma alta de 0,5%. O dólar futuro com vencimento em fevereiro tinha ganhos de 0,3% a R$ 4,1855.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu um ponto-base a 4,98%, o DI para janeiro de 2023 recua dois pontos-base a 5,55% e o DI para janeiro de 2025 perdeu três pontos, a 6,29%.
Os investidores também olharam para os indicadores macroeconômicos nacionais. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) registrou o fechamento de 307.311 empregos em dezembro, melhor do que a expectativa mediana dos economistas do consenso Bloomberg, que apontava para uma redução de 324 mil vagas no período. No ano de 2019 o País criou 644 mil empregos formais, o melhor resultado em seis anos.
Tiveram impacto reduzido nos juros as declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que falou em evento em São Paulo. Campos Neto disse que ninguém faz política monetária olhando para apenas um Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), quando questionado sobre o IPCA-15 de dezembro, que aumentou 0,7%. “Proteína veio mais forte, mas deve se dissipar mais rapidamente”, avaliou ele.
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Com a agenda de indicadores esvaziada, o destaque fica para os resultados das empresas dos Estados Unidos. A fabricante de microprocessadores Intel demonstrou números bem mais fortes que o esperado no quarto trimestre, injetando otimismo em Wall Street.
“Imposto do pecado” e reforma tributária
O Ministério da Economia estuda elevar os impostos sobre cigarros, bebidas alcoólicas, refrigerantes e alimentos com açúcar, disse ontem em Davos o ministro Paulo Guedes, que apelidou a iniciativa de “imposto do pecado”. “Estou doido para elevar o imposto do açúcar.
Pedi para simular tudo”, afirmou Guedes durante o Fórum Econômico Mundial na Suíça. Países europeus já taxam mais pesadamente os refrigerantes e alimentos com excesso de açúcar, embora nos Estados Unidos isto ainda não ocorra. Contudo, o presidente Jair Bolsonaro rejeitou publicamente a ideia ao chegar à Índia.
Enquanto isso, em Davos, Guedes disse ainda que começa a enviar reforma tributária ao Congresso em duas ou três semanas. O ministro acredita que a aprovação da reforma saia ainda este ano.
Noticiário político
Bolsonaro (sem partido) recuou, nesta sexta-feira sobre um possível fatiamento do Ministério da Justiça e Segurança Pública – comandado pelo ministro Sergio Moro. Um dia após indicar que a recriação da pasta da Segurança Pública estaria em estudo, o mandatário agora diz que a chance de isso acontecer no momento é “zero”.
O movimento, demandado por alguns secretários estaduais de Segurança, gerou um novo desconforto entre o presidente e o ministro, já que na prática representaria mais uma perda de espaço de Moro no governo. Caso o fatiamento ocorresse, o ex-juiz da Lava-Jato permaneceria à frente do Ministério da Justiça, mas perderia a frente sobre políticas de combate à criminalidade.