Ibovespa acima dos 130 mil pontos: as projeções dos analistas para a bolsa em 2020 (e as ações preferidas)
SÃO PAULO – 2019 foi bastante positivo para os investidores da bolsa brasileira, uma vez que o benchmark do índice registrou expressiva alta de 31,58%, no quarto ano seguido de ganhos. E, segundo projeções de analistas de casas de research e grandes bancos compiladas pelo InfoMoney, tudo caminha para que 2020 seja novamente um ano de ganhos para o índice.
De acordo com a média de 11 projeções, o índice deve chegar aos 132.636 pontos, representando um potencial de valorização de 14,7%, não tão expressiva quanto de 2019, mas coroando o quinto ano seguido de alta para a bolsa. Além disso, deve-se levar em conta que trata-se do cenário base das casas, com várias delas possuindo projeções mais positivas se alguns fatores considerados catalisadores para o índice surpreenderem, impulsionando o mercado.
Entre análises reforçando a convicção com o Brasil (Bank of America) e também destacando que, após um ano transformacional, 2020 pode ser exponencial (XP Investimentos – veja o relatório na íntegra clicando aqui), alguns temas são tratados com recorrência para reforçar o otimismo com a bolsa brasileira, ainda mais entre os mercados emergentes.
São eles: o cenário de recuperação da atividade econômica, ainda que a passos lentos, mas com alguns sinais já dados no final de 2019, os juros mais baixos levando à migração dos investidores da renda fixa para a renda variável, o menor custo de capital das empresas e valuations ainda baratos.
“As ações no Brasil devem subir mais por conta do crescimento dos lucros das empresas (expectativa de alta de 17% para 2020 e de 9% para 2021), em uma reavaliação dada o progresso com as reformas (notoriamente a da Previdência, enquanto a outras em andamento) e migração para ações com a Selic em baixa”, avalia o BofA, que mantém o Brasil como o único overweight (exposição acima da média) na América Latina e vendo o Ibovespa a 130 mil pontos no ano (alta de 12%).
Mesmo a mais conservadora das casas de análise, o Morgan Stanley, que projeta o índice a 125 mil pontos ao final do ano (valorização de 8%), possui recomendação overweight para os ativos dentro da estratégia para América Latina, a mesma que Colômbia e Chile, enquanto México, Peru e Argentina são underweight (exposição abaixo da média).
Além de fatores locais, as condições globais também podem favorecer o índice, apontam os estrategistas do banco, como uma aceleração marginal do crescimento global (de 3% em 2019 para 3,2% em 2020 e 3,5% em 2021), apoiado principalmente pelos emergentes, além de um Federal Reserve em compasso de espera após reduções de juros. Na América Latina como um todo, a expectativa do Morgan é de que o crescimento real do PIB vá de uma queda de 0,1% em 2019 para alta de 1,4% em 2020 e de 2,7% em 2021.
Também relativamente conservador, está o JPMorgan, que tem projeção do Ibovespa em 126 mil pontos, ou um upside de 9%. Contudo, no cenário mais otimista, o índice poderia chegar a 144 mil pontos (valorização de 24%); já no mais pessimista, o Ibovespa chegaria a 95 mil (ou queda de 18%). O cenário bear (de queda) aconteceria caso se observasse a redução do viés reformista no Brasil e o baixo crescimento permanecesse.
O JP também reforça a visão de que a economia global estaria próxima de se acelerar com a política de juros baixos dos Bancos Centrais dos países desenvolvidos, afastando temores de recessão. Já o crescimento maior na América Latina associado à inflação mais baixa devem permitir que os cortes de juros sejam preservados ou ampliados, algo que é notório principalmente no Brasil. Por outro lado, para a região, deve-se observar com atenção a política, tendo como foco os protestos populares que abalaram países como Equador, Bolívia, Chile e Colômbia no segundo semestre do ano passado.
Brasil pronto para decolar?
A XP Investimentos aparece como a casas de análise com a projeção mais otimista, ao ver o índice a 140 mil pontos no final de 2020 no cenário-base (ou uma alta de 21%).
“O rastro da crise econômica começa, enfim, a ficar para trás. 2019 foi um ano transformacional e acreditamos que 2020 será exponencial. Pela primeira vez vivemos um ciclo de baixa sustentável da taxa de juros no Brasil. A nossa perspectiva é de que isso não só se mantenha, mas surpreenda positivamente e impulsione a economia, que deve finalmente crescer acima de 2%”, destaca a equipe de análise. A projeção da casa é de um crescimento do PIB de 2,3% e uma inflação ao consumidor (IPCA) de 3,7% para 2020.