Central Notícias

POF 2017-2018: Famílias com até R$ 1,9 mil destinam 61,2% de seus gastos à alimentação e habitação

As famílias com rendimento de até dois salários mínimos (R$ 1.908,00) comprometiam uma parte maior de seu orçamento em despesas com alimentação e habitação do que aquelas com rendimentos superiores a 25 salários mínimos (R$ 23.850,00). Somados, os dois grupos representavam 61,2% das despesas das famílias com menores rendimentos, sendo 22,0% destinados à alimentação e 39,2% voltados à habitação. Entre aquelas com os rendimentos mais altos, a soma atingia 30,2%, sendo 7,6% com alimentação e 22,6% com habitação.

Para as famílias que formam a classe de maiores rendimentos, as despesas com alimentação (R$ 2.061,34) eram mais que o triplo do valor médio do total das famílias do país (R$ 658,23) e mais de seis vezes o valor da classe com rendimentos mais baixos (R$ 328,74).

Além disso, 23,9% das famílias que recebiam até R$1.908,00 contribuíam com apenas 5,5% do valor médio recebido no Brasil. Isso significa que, da média mensal de R$ 5.426,70, apenas R$ 297,18 vêm deste grupo. Já os 2,7% das famílias que recebiam mais de R$ 23.850,00 contribuíam com R$ 1.080,26 para a média global. Dessa forma, este grupo se apropria de quase 20% de todos os valores recebidos pelas famílias. É o que mostra a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018.

A pesquisa revela também que alimentação, habitação e transporte comprometiam, em conjunto, 72,2% dos gastos das famílias brasileiras, no que refere ao total das despesas de consumo. Considerando ainda a distribuição das despesas de consumo, no caso das da alimentação, a proporção nos gastos totais da situação rural (23,8%) superou a da urbana (16,9%), bem como as despesas com transporte (20% rural e 17,9% urbano). Educação (4,7%) foi o grupo que apresentou uma participação para as famílias de residência urbana (4,9%) o dobro da observada para aquelas de situação de residência rural (2,3%).

A participação da despesa com alimentação fora do domicílio na área urbana foi de 33,9% no total das despesas com alimentação. Na área rural, chegou a 24,0%, um aumento de 11 pontos percentuais em relação à POF 2002-2003. O valor médio da despesa com alimentação fora do domicílio na área urbana foi 87,1% maior que o da área rural. Já para a alimentação no domicílio, o valor médio da despesa das famílias em áreas urbanas foi 15% maior do que em áreas rurais.

Famílias brasileiras gastam em média R$ 4,6 mil por mês

A despesa total média mensal familiar no Brasil era de R$ 4.649,03 em 2017-2018, sendo 7,2% mais alta nas áreas urbanas (R$ 4.985,39) e 45,3% menor nas áreas rurais (R$ 2.543,15). Os maiores valores ocorreram nas regiões Centro-Oeste (R$ 5.762,12) e Sudeste (R$ 5.415,49). Norte (R$ 3.178.63) e Nordeste (R$ 3.166,07) ficaram abaixo da média.

As despesas correntes representavam 92,7% do total. Registraram-se também participações de 4,1% referentes ao aumento do ativo (aquisição de imóvel, reforma e outros investimentos) e 3,2% para a diminuição do passivo (pagamentos de empréstimos e prestações de financiamento de imóvel).

No que se refere às despesas totais, as despesas de consumo ficaram com 81,0% do total, fazendo parte desse grupo as despesas com alimentação, habitação, transporte etc., e 11,7% foram gastos com outras despesas correntes, como contribuições trabalhistas e serviços bancários, entre outras. As despesas correntes ficaram abaixo da média nacional nas regiões Centro-Oeste (90,8%) e Sul (90,4%).

As despesas de consumo eram 4,2 pontos percentuais maiores na área rural (84,9%) em relação à urbana (80,7%). Porém, as famílias que moram em áreas rurais gastavam 5,3 pontos percentuais a menos com outras despesas correntes (6,8% frente a 12,1% nas áreas urbanas). Tais diferenças são explicadas por gastos com impostos, contribuições trabalhistas e serviços bancários, principalmente, que têm maior incidência nas áreas urbanas.

No Brasil, as despesas monetárias (realizadas mediante pagamento em dinheiro, cheque ou cartão de débito ou crédito) representavam 81,9% do total, enquanto as despesas não monetárias (provenientes de produção própria, retiradas do negócio, troca, doação e outras formas de obtenção que não envolveram pagamentos monetários) representavam 18,1%. As despesas não monetárias tinham uma participação maior nas áreas rurais (22,5% contra 17,7% nas áreas urbanas). A região Centro-Oeste mostrou o menor percentual (15,9%), enquanto o maior foi registrado no Norte (19,0%).

Deixe um comentário