Tecnologia

Nova diretoria da Nokia enfrenta o desafio de recuperar confiança de acionistas na era 5G

Pekka Lundmark, novo presidente-executivo da Nokia, e Sari Baldauf, que atua como presidente da empresa, voltaram a trabalhar juntos no grupo finlandês depois de 20 anos e encontram uma empresa muito diferente daquela época, quando vivia um pico de capitalização de mercado de cerca de 300 bilhões de euros.

Esse recomeço da Nokia bagunçou os projetos pensados pela empresa para o início do 5G, deixando de capitalizar a importância geopolítica da próxima geração de redes de telecomunicações, de acordo com reportagem do Financial Times.

De acordo com investidores, banqueiros e ex-executivos, esse erro
estratégico deixou a empresa vulnerável a ataques de ativistas ou a um
alvo de aquisição definitiva.

A nova equipe assume uma empresa que mantém o mesmo nível de ações de 2013, valendo 24 bilhões de euros no mercado. Os finlandeses estão “desesperados” para que a equipe à frente da organização, formada ainda por Marco Wiren, novo Diretor Financeiro, tenha sucesso.

Sobretudo, depois de um ano decepcionante em que o crescimento das vendas da Nokia foi superado pelo concorrente sueco Ericsson e também pelo líder da indústria Huawei, até mesmo nos EUA, que tem investido efetivamente para derrubar a liderança chinesa, segundo a reportagem.

“Há uma grande questão: qual será o futuro da Nokia?”, disse ao jornal Juha Varis, Gerente de Portfólio Sênior da gestora de ativos finlandesa FIM, que é um acionista de longo prazo. “Os investidores americanos querem mudanças rápidas. É hora de a administração mostrar o que pode oferecer. Eles precisam de um pensamento radical”, adiciona Varis.

Postura mais assertiva

Charly Salonius-Pasternak, Pesquisador Sênior do Instituto Finlandês de Assuntos Internacionais, diz estar “chocado” com a “lentidão” que a Nokia tem para gerar receita com toda a abertura do governo americano. “O governo dos EUA sugeriu à Ericsson e à Nokia: compraremos tudo o que vocês têm. Como você pode não ganhar dinheiro com isso?”, perguntou.

De acordo com o Financial Times, muitos na Finlândia culpam os erros de Rajeev Suri, ex-Presidente-executivo, e Risto Siilasmaa, ex-Presidente. Suri admitiu no mês passado que a Nokia estava atuando de forma lenta no início das implementações da rede 5G em 2019, já que ainda estava digerindo a aquisição da Alcatel-Lucent por 15,6 bilhões de euros.

Pessoas próximas à Nokia insistem, diz o jornal, que Siilasmaa e Suri saíram como parte dos planos de sucessão após longos anos ocupando cargos no topo, tendo ressuscitado a empresa após a venda de seu negócio de telefones celulares em 2013. Mas outros insinuam uma crescente insatisfação de diretores e acionistas.

“Risto [Siilasmaa] não foi forte o suficiente. Os acionistas e o conselho queriam que ele saísse”, disse ao jornal um executivo finlandês bem relacionado.

“Em 2019, o conselho claramente não estava ciente do que estava acontecendo na empresa. Risto tem uma grande responsabilidade por isso. Como investidor, fiquei muito desapontado por eles estarem falando sobre o 5G há cinco anos, mas o resultado foi realmente decepcionante”, disse Varis.

Analistas e investidores esperam que Lundmark, que trabalhou na Nokia entre 1990 e 2000, “sacuda” a empresa, que também tropeçou em problemas com o alto custo de seu chipset 5G, diz a reportagem. Lundmark admitiu que estava voltando para “uma empresa muito diferente”. Mas ele acrescentou: “Pessoalmente, para mim, este não é apenas um trabalho dos sonhos, é uma volta ao lar”.

Os consultores divergem sobre a direção que Lundmark deve tomar para a empresa, mas a maioria concorda que ele precisa esclarecer seu foco. Muitos ainda se preocupam com o cenário mais amplo da indústria – a consolidação entre as operadoras de telecomunicações nos Estados Unidos e na Europa pode privá-los de clientes, enquanto o grande mercado de 5G na China tem sido particularmente difícil para a Nokia quebrar, diz a reportagem.

Além disso, a Nokia Technologies, é vista por alguns investidores
como uma possível candidata à venda. A revisão da estratégia vai olhar
para todos os ativos da Nokia e avaliar se eles se encaixam ou não,
segundo fontes do jornal.

A reportagem ressalta o interesse dos Estados Unidos na Nokia enquanto boicota empresas de tecnologia chinesa. Por isso, muitos acham que a empresa tem potencial para ser totalmente adquirida por empresas como um grupo de private equity do país.

Em fevereiro, William Barr, Procurador-geral dos Estados Unidos,
declarou que o país, diretamente ou através de empresas
norte-americanas, deveria considerar a possibilidade de adquirir
participações na Nokia ou na Ericsson para ajudar a construir um
concorrente internacional mais forte para a Huawei.

Segundo o jornal, um ex-ministro disse que vários executivos locais discutiram a montagem de uma oferta de resgate caso a Nokia fosse atacada.

Um dos executivos, no entanto, disse: “Não há conversa séria sobre um consórcio [finlandês]. Mas, tecnicamente, seria possível para alguém comprar uma participação de 10% na Nokia – é uma ação altamente líquida com propriedade muito diversificada”. Nenhuma oferta foi, de fato, feita publicamente.

Infoeconomico

Fonte: Computer Word

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