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Fundo para empreendedores de impacto será lançado na comunidade de Paraisópolis

Phil Clarke Hill/Getty Images
Empreendedorismo na favela: fundo pretende arrecadar R$ 2 milhões para projetos do G10

No próximo sábado (23), durante o Slum Summit 2019 – 1º Encontro do G10 Favelas, na comunidade de Paraisópolis, em São Paulo, será lançado o Fundo para Empreendedores de Impacto. Inédita, a iniciativa prevê uma campanha de crowdfunding para arrecadar recursos para duas ações específicas: o apoio a negócios de impacto social das comunidades pertencentes ao G10 – bloco de líderes e empreendedores das favelas que está unindo forças em prol do desenvolvimento econômico dessas regiões – e a ajuda a pessoas físicas em condições de alta vulnerabilidade residentes em Paraisópolis.

No primeiro caso, serão escolhidos 10 projetos entre todos os inscritos até 31 de janeiro de 2020 por qualquer pessoa de uma das comunidades pertencentes ao bloco: Rocinha (RJ), Rio das Pedras (RJ), Heliópolis (SP), Paraisópolis (SP), Cidade de Deus (AM), Baixadas da Condor (PA), Baixadas da Estrada Nova Jurunas (PA), Casa Amarela (PE), Coroadinho (MA) e Sol Nascente (DF). O objetivo é arrecadar, no total, R$ 2 milhões, inclusive dos Estados Unidos e da Europa, já que as contribuições podem ser feitas por cartão de crédito no site da eSolidar, plataforma de apoio a causas sociais que hospeda a campanha.

“O fundo pretende apoiar empreendedores, gerando emprego e atraindo investimentos para as favelas. É uma iniciativa modelo que vai mudar a forma como realizamos captação de recursos, fazendo o processo mais eficiente, colaborativo e conectado a uma rede de apoio”, diz Gilson Rodrigues, do G10 e líder comunitário da favela de Paraisópolis.

A eSolidar está aproveitando a iniciativa para testar o uso do blockchain em sua plataforma, tecnologia descentralizada que registra operações de forma confiável. “As pessoas estão falando dele para quase tudo, mas, na minha opinião, se há um segmento onde o blockchain faz todo o sentido é a filantropia, por causa da transparência, da possibilidade de auditoria e da remoção de intermediários no processo”, explica Marco Barbosa, fundador e CEO da empresa.

Segundo ele, os métodos de transferência de recursos usados atualmente com objetivo filantrópico não podem ser totalmente rastreados e demoram muito até chegar ao destinatário – isso se ele tiver uma conta bancária. Além disso, cerca de 30% de todos os donativos são perdidos nesse trâmite.

“Nós criamos, integrada à plataforma já existente, uma infraestrutura financeira na qual as pessoas enviam dinheiro para um smart contact. Esses recursos só são liberados pelo próprio contribuinte mediante a prova de impacto fornecida pela entidade alvo da campanha. É totalmente transparente porque a pessoa sabe exatamente para onde está indo o dinheiro que doou. Além disso, nenhum governo ou banco pode interferir no processo ou bloqueá-lo. E conseguimos muita capilaridade porque cerca de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo têm celulares, mas não têm conta bancária. E uma das principais razões para a pobreza no mundo é justamente a falta de acesso aos serviços financeiros”, explica. “O que estamos oferecendo é um sistema onde qualquer pessoa do mundo com um smartphone e internet pode solicitar um microcrédito, doar e transferir valores.” Por enquanto, a tecnologia será usada em um aplicativo pelo qual os moradores contemplados pela segunda parte da ação poderão sacar um valor diário para usar em necessidades básicas, como a compra de alimentos e gás.

Para Daniel Cavaretti, CEO do Canal Transformadores – um centro de estudos de negócios e produtos para comunidades que tem como meta promover ideias de transformação social e econômica por meio da qualificação – esta não é uma iniciativa assistencialista. “É um passo para dar visibilidade para o grande potencial de se desenvolver negócios nessas áreas urbanas, gerando resultados para todos os envolvidos. A medida trará recursos para comunidades brasileiras e ajudará no aumento da circulação de dinheiro nessas regiões, buscando criar cases de empreendedores de sucesso que possam servir de base para a modelagem de negócios nessas regiões, atraindo empresas e fundos de investimentos e inspirando os milhares de moradores de comunidades”, diz.

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Em busca de talentos

Fabio Zveibil, vice-presidente de desenvolvimento da Creditas, acaba de voltar dos Estados Unidos, onde esteve para apresentar a fintech para alunos de MBA das principais universidades do país, entre elas, University of Chicago Booth School of Business, Harvard Business School e MIT Sloan School of Management. O objetivo da iniciativa, que acontece pela segunda vez, é buscar talentos para as mais diversas áreas da empresa, de recursos humanos a tecnologia e finanças. “Interagimos com mais de 100 alunos e foi muito bom ver o interesse deles, não apenas dos brasileiros que estudam lá, mas de estudantes do mundo todo”, conta o executivo. “O ecossistema de fintechs está muito ativo, mas ainda há inúmeras oportunidades pela frente”, continua Zveibil, que também participou da 2019 Latin American Conference, organizada pela Harvard Business School e MIT Sloan para discutir os desafios e oportunidades de negócios na América Latina. Na primeira edição do Creditas MBA Tour, em março deste ano, a empresa contratou 10 pessoas, que ficaram alocadas nos escritórios de São Paulo por um período de três a 10 semanas. Agora, a ideia é ter mais uma dezena de novos talentos como parte da empresa.

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