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Conheça a startup farmacêutica que decidiu mudar uma indústria de US$ 400 bilhões

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A Truepill quer aliar o conhecimento tecnológico ao campo da saúde e farmácia

Resumo: 

  • Umar Afridi, um dos cofundadores da Truepill, formou-se em farmácia e sempre quis usar a tecnologia para tornar os processos mais eficientes;
  • O outro dono da startup, Sid Viswanathan, obteve sucesso em um empreendimento semelhante e aderiu à ideia logo no início da empresa;
  • O modelo de negócios da Truepill consiste em vender medicamentos, de forma automatizada e sob demanda, para aplicativos de farmácia;
  • A ideia da empresa é revolucionar a maneira como a população encara as consultas médicas;
  • Com o planejamento de expandir os centros de distribuição, os donos da startup mostram que estão otimistas com o futuro dos negócios.

“Eu mal conseguia dormir”, diz Umar Afridi, cofundador e CEO da Truepill, sobre os primeiros dias da empresa de farmácia baseada em tecnologia. Todos os dias, das 9h às 16h30, ele trabalhava no centro de distribuição da empresa em Hayward, Califórnia. Em seguida, dirigia para o seu trabalho como gerente de farmácia em uma CVS 24 horas em East San Jose. Nas horas vagas, estudava para uma dúzia de exames de farmácia do estado, para que a Truepill, que na época não tinha outros farmacêuticos na equipe, pudesse despachar legalmente para esses estados. “Foi um primeiro ano bem louco”, diz ele, com um eufemismo característico.

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Essa loucura valeu a pena para Afridi, 37 anos, e seu cofundador, Sid Viswanathan, 35, que esperam reverter o negócio de farmácias, severamente regulamentado, com tecnologia. A Truepill, sediada em San Mateo, Califórnia, enviou seus primeiros medicamentos em 2016. No ano passado, a receita atingiu US$ 48 milhões, ajudada pelo rápido crescimento de clientes como a Nurx, que vende controle de natalidade, e a Hims, que concentra-se em remédios para perda de cabelo, disfunção erétil e acne. Este ano, a empresa pode dobrar sua receita para US$ 100 milhões, à medida que expande a base de clientes, indo além dos medicamentos diretos ao consumidor e chegando nos remédios que tratam doenças mais graves.

Esses números de receita deram à Truepill um lugar na lista de startups de bilhões de dólares da FORBES este ano, apesar de a empresa ter levantado apenas US$ 13 milhões em financiamentos liderados pela Initialized Capital, com uma avaliação de US$ 80 milhões em sua última rodada. Esse valor faz com que a empresa seja uma exceção na lista. Outra exceção é o fato de Afridi e Viswanathan serem proprietários da maioria das ações e planejarem continuar desse jeito depois da próxima rodada de capital, prevista para o final do ano.

Afridi, Viswanathan e seus investidores estão apostando que a Truepill terá um grande retorno à medida que os pacientes se afastarem das consultas médicas pessoais e adotarem um novo modelo de telemedicina. “Este é o alicerce da saúde digital e o futuro da assistência médica”, diz Garry Tan, sócio-gerente da Initialized.

A indústria farmacêutica é um negócio de, aproximadamente, US$ 400 bilhões nos Estados Unidos, mas apenas recentemente os empreendedores começaram a tentar mudar a estrutura do mercado. Em 2013, dois jovens fundadores lançaram a PillPack, uma startup de farmácias de varejo que foi adquirida pela Amazon no ano passado por cerca de US$ 750 milhões. Outros recém-chegados se seguiram, incluindo a Capsule, da cidade de Nova York, que arrecadou US$ 270 milhões em financiamento para fazer entregas de remédios no mesmo dia.

A diferença da Truepill está em seu modelo business-to-business, que faz dela uma espécie de ator nos bastidores, invisível para os clientes de varejo, que nunca terão motivos para saber seu nome. Isso é planejado e permite que a empresa assine acordos com fabricantes de medicamentos e gerentes de farmácias, intermediários do setor que ficam entre seguradoras e fabricantes de produtos farmacêuticos, sem competir diretamente com eles. “Nós não somos uma farmácia tradicional de pedidos por correio”, diz Afridi. “Somos muito mais do que isso.”

Afridi nasceu em Salt Lake City e cresceu em Manchester, na Inglaterra, de onde era a família de sua mãe. Estudou farmácia na Universidade de Manchester e trabalhou como assistente farmacêutico, preenchendo a vaga de profissionais que saíam de férias. Depois de passar nos testes para exercer a profissão nos Estados Unidos, ele conseguiu um emprego na Fred Meyer, uma cadeia de supermercados, perto de Seattle. Ao contrário do farmacêutico típico, Afridi sempre teve um lado empreendedor. Durante a faculdade, ele importou carros de alto desempenho, como o Mazda RX-7 e o Mitsubishi Evo 5, do Japão e lucrou com a venda deles.

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