Creative Commons Brasil

CC Summit 2019: nossa 1ª participação como novo capítulo brasileiro

As fotos do encontro foram tiradas pelo Sebastiaan Ter Burg, e estão aqui:

https://www.flickr.com/photos/ter-burg/albums/72157708410802765

https://www.flickr.com/photos/ter-burg/albums/72157708381101725

No fim de cada ano, abre a submissão de propostas de painéis e pedidos de bolsas para o Summit 2020, que vai ser em Lisboa de novo. Vamos divulgar a oportunidade por aqui. Esperamos ter muito o que apresentar lá.

 

 

 

O encontro internacional do Creative Commons em 2019: um relato da coordenadora de OpenGLAM no CC Brasil

por Juliana Monteiro

No primeiro dia do encontro do Creative Commons, tive a oportunidade de assistir a uma série de apresentações e participar de uma sessão. Minha impressão foi a de que o dia inicial foi direcionado para engajar as pessoas com o ecossistema do Creative Commons. Para uma novata como eu nos encontros do Creative Commons, foi uma chance de conhecer um pouco mais as vozes por trás da frente particular de OpenGLAM.

 

Abrindo coleções de museus, arquivos e bibliotecas, desde o Sul

Nesse âmbito, vale a pena trazer algumas notas sobre as comunicações que foram feitas por colegas da América do Sul, em sessão especial sobre o tema na região (e que, curiosamente, continha poucas pessoas do hemisfério norte). Entre os debates realizados sobre como tornar as iniciativas OpenGLAM mais conhecidas e operacionalizáveis para todos os tipos de instituição colecionadora – incluindo aqui os Princípios de OpenGLAM, comentados aqui – uma questão ficou clara: no tangente aos países do sul, não se trata apenas de ter mais acesso às tecnologias mais avançadas, mas sim entender para que servem e o que podem, de fato, proporcionar para essa parte do mundo.  Os colegas também destacaram que gestores da região podem ser pouco sensíveis à existência da ideia do “Commons”. E, além disso, há o problema das equipes diminutas e mal remuneradas, que precisam se desdobrar para realizar diferentes tarefas e têm pouco tempo ou estrutura para pensar um planejamento de médio e longo prazo de digitalização e disponibilização online de conteúdos.

Mesa sobre OpenGLAM na América Latina, com participação do CC Brasil. Foto: Irene Guzmán.

 

Uma fala que me marcou muito nesse primeiro dia foi a de Scann, justamente por eu já ter pensado nisso também em diferentes momentos. Scann mencionou que ainda há uma forte representatividade masculina no universo de TI e é esse grupo que se apresenta frente a um universo repleto de mulheres trabalhadoras. Portanto, a dificuldade no diálogo entre as instituições culturais e a indústria da tecnologia da informação passa, também, por uma questão de gênero – e isso afeta diretamente o universo do Creative Commons e do OpenGLAM.

Outro aspecto interessante a ser destacado é que a ênfase em treinamento de pessoal pode ser uma estratégia para que as instituições GLAMs façam declarações mais robustas sobre a abertura dos seus acervos.

Por fim, nesse dia ainda tive a chance de participar de uma sessão sobre visibilidade feminina dentro do Creative Commons e no movimento em prol do conhecimento livre.  Um dos registros mais importantes dessa sessão foi a necessidade de ter mais mulheres em posição de liderança. Assim, será possível talvez ver mais mulheres participando das iniciativas, pois se reconhecerão em pessoas que entendem o que elas passam.

No segundo dia, mais alguns destaques relacionados à área GLAM, que continuaram a reforçar alguns pontos indicados por colegas da América do Sul no dia anterior. Na sessão dedicada a discutir a migração de uma instituição cultural de uma proposta de abertura de acervos para sua transformação digital global, novamente foi destacado que só ter acesso às ferramentas não é suficiente. É necessário também que as pessoas envolvidas no processo tenham as habilidades necessárias para usar as ferramentas.

Também foi destacado que a transformação digital não depende exclusivamente da digitalização de acervos, embora ela seja uma das suas partes importantes. A respeito da digitalização, também foi relatado que as instituições colecionadoras geralmente trabalham com instrumentos muito antigos e inadequados, como escâneres de mesa.

Para completar o cenário complexo, também há uma ausência crônica de sistemas de gestão das coleções, boa conexão de internet ou, na existência desta, não há autonomia da instituição sobre seu próprio ambiente tecnológico. Deste modo, elas acabam ficando, em muitos casos, impedidas de realizar as modificações ou instalações que precisam, no tempo que precisam, por dependerem de estruturas maiores e não sensíveis às suas demandas.

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