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Cafeteria minimalista The Coffee recebe US$ 5 milhões e irá para a Europa

The Coffee

SÃO PAULO – O novo normal vai endossar não apenas um modelo híbrido de trabalho, mas também de alimentação. A Lumina Intelligence, instituto britânico de pesquisa focado nesse mercado, afirma que diversos estabelecimentos investiram em bebida e comida para retirar (to go) durante a pandemia. O modelo pode se provar inclusive no caso de uma segunda onda de Covid-19 – seja pela proibição de se alimentar nos próprios estabelecimentos ou pelos negócios to go terem geralmente tíquetes médios de consumo mais econômicos.

A The Coffee, rede curitibana com 30 cafeterias que fornecem comes e bebes para levar, foi criada antes da pandemia – mas espera sair dela mais forte. O plano é apoiado pela Monashees, fundo de capital de risco que acabou de anunciar um aporte de US$ 5 milhões no negócio (cerca de R$ 26,6 milhões, pela cotação atual). O valor servirá para a The Coffee expandir seu número de cafeterias e triplicar seu faturamento médio mensal. O plano inclui a chegada à Europa, justamente a região que enfrenta novas ondas de contágio pela Covid-19.

Cafeteria minimalista e tecnológica

A The Coffee foi criada pelos irmãos Carlos FertonaniAlexandre Fertonani e Luis Fertonani. Eles têm respectivamente experiências em tecnologia, vendas e design/publicidade. “Queríamos ter uma cafeteria juntos. Ao mesmo tempo, somos apaixonados pelo Japão e fomos muitas vezes para lá. Vimos um modelo de pequenas cafeterias, e essa era uma forma de ter um negócio no ramo, mas de maneira escalável. Não queríamos parar na primeira unidade”, diz Alexandre.

A primeira unidade foi aberta em março de 2018 em Curitiba (Paraná). A inspiração japonesa se traduziu no logo (escrito também em katakana, alfabeto japonês para palavras estrangeiras), na decoração minimalista, na metragem reduzida e no cardápio enxuto. Os cafés se dividem em cinco tipos: expresso, americano, café com leite, latte (média) e iced latte. Também existem cinco outras bebidas quentes e cinco bebidas geladas. As bebidas são sempre servidas para retirar (to go), como a loja não têm mesas.

A aposta em tecnologia acompanhou a bandeira do minimalismo. A loja começou com tablets de autoatendimento, incentivando o pagamento digital. Depois, investiu em um sistema próprio que integra pedidos com o estoque da unidade, facilitando a gestão e a reposição dos insumos. O último investimento foi em um aplicativo próprio para pedidos e pagamentos.

Carlos Fertonani, Alexandre Fertonani e Luis Fertonani
Carlos Fertonani, Alexandre Fertonani e Luis Fertonani (The Coffee/Divulgação)

O investimento inicial foi de R$ 50 mil, valor recuperado com três meses de operação. Em dezembro do mesmo ano, a The Coffee expandiu por franquias. “Era a melhor forma de expandir sem ter muito capital disponível”, diz Alexandre. A segunda unidade, desta vez franqueada, começou a operar também em Curitiba.

O interesse da Monashees surgiu em 2019. O fundo de venture capital já investiu em negócios como 99, Enjoei, Loggi, Loft, Méliuz e Hilab. “Eles não tinham muitos investimentos em varejo dentro da carteira. Além disso, olharam para nossa aposta em tecnologia e nossa construção de marca”, afirma Alexandre. A Monashees liderou a rodada semente na The Coffee, de US$ 500 mil. O dinheiro caiu na conta em novembro, quando a The Coffee tinha seis lojas.

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Obstáculos na pandemia

A pandemia do novo coronavírus afetou a operação da The Coffee, especialmente na cidade de São Paulo. Algumas lojas tiveram obras paralisadas, enquanto outras ficaram fechadas por até quase três meses, diante da restrição de atividade de comércios não essenciais.

Mesmo com medidas de flexibilização da quarentena em diversas cidades brasileiras, muitas empresas seguem com o trabalho de casa e as cafeterias em áreas corporativas ainda não recuperaram o faturamento pré-pandemia. “Já projetamos que o retorno total do faturamento virá apenas com as vacinas. Um trunfo é termos uma estrutura bem enxuta, com espaços pequenos e poucos funcionários por unidade”, diz Alexandre.

Outro ponto que jogou a favor da The Coffee é o modelo de negócio to go. As cafeterias em áreas de lazer viram um faturamento maior, com mais pessoas experimentando a proposta por saberem que não precisavam entrar no estabelecimento.

Novo aporte e ambições internacionais

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