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Brasil pode investir em mineração na Bósnia, afirma candidato a embaixador

A Comissão de Relações Exteriores (CRE) aprovou nesta terça-feira (10) a indicação do diplomata Lineu Pupo de Paula para a chefia da embaixada brasileira em Sarajevo, a capital da Bósnia. A análise da indicação segue agora ao Plenário do Senado.

Durante a sabatina na CRE, Pupo de Paula afirmou que a Bósnia possui riquezas minerais como bauxita e minério de ferro. Mas, segundo ele, a única empresa local encontra-se em péssimas condições financeira e estrutural, o que pode facilitar a entrada de empresas brasileiras nesse mercado, para ele uma prioridade à frente da embaixada.

— A economia bósnia é muito incipiente, o desemprego é altíssimo e nada funciona a contento por lá. Eles têm reservas minerais, possuem minas localizadas, mas sem condições de explorarem este potencial. Portanto, é um espaço que pode ser explorado por empresas de nosso país. Ou pelo menos podemos também estabelecer parcerias e vendermos mais minérios para eles.

Outra prioridade anunciada por Pupo de Paula é possibilitar que o Brasil exporte mais grãos para a nação europeia, “há um grande potencial nesta área”, segundo ele. A embaixada em Sarajevo também auxilia muitos brasileiros que visitam Medjugorje, no sul do país, cidade que sempre atrai muito turismo católico após diversos relatos de aparições da Virgem Maria. Essas aparições, ainda não reconhecidas oficialmente pela Igreja Católica, teriam iniciado na década de 1980 e ocorreriam eventualmente até os dias de hoje.

Sonho europeu

Pupo de Paula destacou que o grande objetivo político-econômico da Bosnia é fazer parte da União Europeia (UE). Em maio, a UE deu um parecer inicial à pretensão bósnia, mas o processo ainda está em seu início.

— Na prática a Bósnia é um país dividido em três, com territórios de maioria muçulmana, sérvia e croata. E entrar na UE provavelmente é o único tema em que as três etnias podem entrar num acordo. Mas o principal empecilho hoje para a entrada da Bosnia é o subdesenvolvimento, a pouca adaptabilidade com a legislação da UE, gaps institucionais internos e os altos índices de corrupção. Acredito que um dia eles serão aceitos, mas deve levar pelo menos uns 10 anos — opinou.

O diplomata também informou que a Bósnia sofre sequelas da guerra étnica que dividiu a Iugoslávia durante a década de 1990.

— Recentemente a presidente da Croácia, Kalinda Kitarovic, voltou a falar na Grande Croácia. Isso significa na prática anexar a Bósnia e relegar os muçulmanos a quase um gueto. Os sérvios-bósnios também falam na Grande Sérvia, anexando no mínimo a República Srpska, onde fica Medjugorje, e que hoje faz parte da Bósnia. Além disso, o alto representante da ONU para a Bósnia, o diplomata austríaco Vladimir Inzko, tem poderes de afastar autoridades, legislar e intervir no Poder Judiciário, quando as autoridades dos três grupos étnicos não chegam a consenso. Há nove anos ele exerce esta função — revelou.

Além dos conflitos internos e da disputa por hegemonia da Sérvia e da Croácia, a Bósnia também sofre com as intervenções da embaixada dos EUA e de representantes da UE nos assuntos internos do país, segundo Pupo de Paula. Rússia e China também mantêm um “perfil elevado” de representações, além de nações islâmicas como Irã, Turquia, Arabia Saudita e Catar, devido à grande comunidade muçulmana.

— Mas resumindo tudo, o quadro do país hoje não é bom. A economia está estagnada, o desemprego entre pessoas até 24 anos de idade chega a 40% e os jovens estão saindo do país — finalizou o diplomata.

Fonte: Senado Noticias Gerais

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