Tecnologia

Dynatrace vai além do APM e expande modelo de AIOps

Gerenciar ambientes de infraestrutura de TI nunca foi a tarefa mais simples do dia a dia dos profissionais do setor. O que já não era fácil ficou ainda mais desafiador, com o expressivo aumento do uso de plataformas digitais, que sobrecarregaram ainda mais a infraestrutura – sejam servidores, redes, sistemas de segurança da informação, nuvem etc.

Somado a isso, as plataformas tecnológicas passaram a ser o core de diversas empresas – ou seja, qualquer serviço paralisado representa grandes prejuízos, danos à reputação da marca, entre outros fatores negativos. Basta pensar em casos como um sistema de companhia aérea fora do ar ou um problema com a operação de qualquer empresa digital, como Uber ou Nubank. O caos é instaurado e a pressão fatalmente cai sobre a equipe de  TI.

O fato é que, há alguns anos, antes do boom criado pela transformação digital, o ambiente era praticamente estático, com servidores e aplicações controladas de forma mais simples. As mudanças no sistema aconteciam duas ou três vezes ao ano – nada próximo do que temos hoje em diversas organizações, com mudanças constantes. A aplicação acorda de uma forma e no final do dia já ganhou atualizações – as mudanças são diárias, ou até de hora em hora.

O monitoramento que antes era uma disciplina de TI, hoje é questão de negócios, impactando diretamente nos custos e na geração de receita.

É neste cenário que o mercado de Application Performance Monitoring (APM – gestão de desempenho de aplicações) tem ganhado espaço nos últimos anos. Um dos players que tem surfado essa onda é a norte-americana Dynatrace, fundada em 2016 após se tornar uma divisão independente da Compuware, empresa especializada em mainframe.

A aposta da companhia é na sua plataforma de monitoramento totalmente baseada em inteligência artificial, que permite gerenciar todo o ambiente de TI de forma autônoma, poupando recursos das equipes em gerenciamento e detecção de falhas. A plataforma, chamada OneAgent, faz jus ao nome: ela reúne em uma mesma aplicação recursos para gerenciamento fim a fim – sem que as equipes precisem contratar mais de uma solução ou módulo para determinadas atividades.

“Ouço clientes dizendo que a Dynatrace permite que sua equipe durma em paz à noite. E também que permite ter uma hora a mais de café da manhã com a família”, brincou Dave Anderson, VP de Marketing da companhia, durante abertura do Perform, evento anual da empresa realizado nesta semana em Las Vegas, nos EUA.

A conferência por si só é um termômetro do momento vivido pela empresa. Assim que subiu ao palco do evento, o CEO John Van Siclen logo observou que o espaço da plenária tinha ganhado mais um andar de participantes. São cerca de 2 mil pessoas em três dias de evento, que também conta com edições locais durante o ano, entre elas em São Paulo.

Mas os números apresentados pelo executivo mostram de fato que o momento é positivo: 221% de crescimento no faturamento ano a ano desde 2016 e 191% de crescimento no número de clientes – lista que inclui gigantes como SAP, Samsung, Walmart e Porsche.

Atualmente, a plataforma monitora 1,3 mil clusters, 1,2 mil instâncias de SaaS, bem como analisa 79 trilhões de dependências por dia – crescimento de 100 vezes em relação ao ano anterior. Números expressivos, que, para Ray Wang, analista da Constellation Research, são explicados – além da qualidade do serviço – pela “herança” Compuware, que permitiu um início de operações já com uma forte base de clientes. “O desafio agora é encontrar parceiros para expandir”, apontou.

Histórico

Siclen lembrou o histórico ambicioso da companhia, que começou a ser pensada em 2014 com uma simples pergunta: “como o monitoramento de aplicações será em 2020?”

Naquele momento, a companhia já possuía uma plataforma robusta e era uma das líderes de mercado, mas, não satisfeita, a equipe de especialistas decidiu desenvolver uma plataforma do zero, totalmente baseada em AI.

“Somos líderes da indústria, estamos no topo dos quadrantes, os negócios estão ótimos e com grandes clientes. Vamos reinventar do zero?”, lembrou Siclen. “Estou na indústria o tempo suficiente para saber que quando tem uma disrupção a caminho, é melhor ser o disruptor e não quem fica para trás. Foi o que pensamos.”

“E estamos apenas começando”, exclamou o executivo, que apontou as três palavras que definirão o futuro da companhia nos próximos 12 meses: aberto, plataforma e autônomo. “São três simples palavras, mas que têm um poder e engenharia por trás. Estamos construindo o caminho da cloud autônoma”, completou.

No telão (imagem abaixo), Siclen mostrou duas fotos – uma com diversos dispositivos “remendados”, sendo o profissional de TI a fita que precisa unir tudo isso, e outro moderno smartphone, representando simplicidade, velocidade e eficiência – sob o conceito de all-in-one, o OneAgent. “É isso que a Dynatrace fez com o mercado”, definiu.

 

Gerenciamento autônomo de cloud

Andrew Hittle, Chief Customer Office da Dyantrace, foi enfático: “Não estamos apenas falando de gerenciamento autônomo de cloud. Estamos criando isso.”

Mas o que de fato é o conceito tão falado pela empresa durante a conferência?

Roberto de Carvalho, presidente da Dynatrace Brasil, comenta que o processo de monitoramento precisou ser repensado. “A Dynatrace fez isso e trouxe a partir de uma outra perspectiva, a dos usuários.”

Ele explica que a empresa uniu quatro disciplinas, que antes, em processos tradicionais, eram separadas: gerenciamento de performance das aplicações, monitoramento da infraestrutura de cloud, gestão da experiência dos usuários e a camada de AIOps. “Esses quatro pilares viraram a plataforma Dynatrace, que redefiniu o conceito de monitoramento no mercado. A Dynatrace teve a coragem de partir do zero, há seis anos, e se reinventar.”

Carvalho lembra que o produto, criado há pouco tempo, já é o carro-chefe da empresa, sendo responsável por 90% da receita. “O produto saiu de uma visão de ferramentas de segunda geração e agora é de terceira, construída para o que chamamos de nova cloud corporativa”, contou.

Esse novo conceito de cloud é o posicionamento que a Dynatrace quer ter como uma plataforma, capaz de gerenciar qualquer tipo de aplicação. “É preciso monitorar tudo, não adianta só um pedaço. Os clientes estão cada vez mais multicloud”, destacou. “É o que chamamos de Full Stack: monitorar tudo.”

Ainda, o executivo destaca que, sem inteligência artificial, não é possível monitorar tamanha complexidade de ambiente. E, somado a isso, a empresa aposta em experiência do usuário, tendo em mente o comportamento dos clientes finais. “Para dar relevância ao monitoramento, sempre olhamos o usuário em tempo real. Com essa visibilidade fim a fim, que começa na experiência do usuário e vai até o componente, a AI detecta cada anomalia em tempo real e consegue ajudar na resolução do problema o mais rápido possível. Ela consegue corrigir antes que o usuário perceba o problema, saindo do modelo reativo e adotando um modelo preventivo e pro ativo de gerenciamento da TI”, explicou.

Portas abertas

O momento do mercado de tecnologia como um todo é de open source e colaboração. A plataforma Dynatrace desde sua fundação foi feito em modo API friendly, podendo ser conectada a outras ferramentas – alguns exemplos são as integrações com ServiceNow e Citrix. Mas, agora, a empresa aposta no conceito de Open AIOps para abrir a plataforma para receber dados de outras fontes que, por alguma razão, não são monitoradas pela Dynatrace. É o processo que Carvalho classifica como “ingestão de dados”.

A próxima geração da inteligência artificial, a Davis, agora está equipada com algoritmos novos e aprimorados, e a capacidade de processar dados e eventos de soluções de terceiros. Esse foi um dos principais anúncios da companhia durante abertura da conferência nesta terça-feira  (29/1).

“Estamos levando essa extensão da nossa AI para um novo patamar, deixando a ferramenta aberta para que terceiros possam fazer a gestão de dados”, apontou Carvalho. O analista Wang vê o movimento como uma importante evolução da plataforma.

“Tudo está virando software – redes, infraestrutura, sistema etc. É um grande lego de software e, para gerenciar tudo isso, é preciso ter AI capaz de entender todas as dependências para dar respostas, não apenas dados. É preciso respostas e contexto”, finalizou Carvalho.

*O jornalista viajou a Las Vegas (EUA) a convite da Dynatrace

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Fonte: Computer Word

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